Segundo o astrônomo amador Jocimar Justino, esse foi o maior número já visto por ele e as duas chuvas de meteoros previstas para esta semana contribuíram para o aumento.
“Essa noite, bateu o recorde do registro de meteoros aqui na estação. Comparando com os dias anteriores, eu estava fazendo um registo de 90 a 100 meteoros por dia. Mas nesta última noite, já pulou para cerda de 400 registros. Isso dá pra dizer que é por conta das chuvas de meteoros, que estão chegando a sua atividade máxima nos próximos dias. Provavelmente esse número aumente ainda mais no final de semana”, explica Jocimar.
Uma outra explicação para o recorde de registros está na utilização de câmeras mais sensíveis, que conseguem identificar os fenômenos que passam pelo céu de maneira mais focada.
Segundo Jocimar, não é possível comparar o número de registros feitos agora com o mesmo período do ano passado, já que naquela época ele utilizava câmeras de menor sensibilidade.
Meteoro ‘bola de fogo’
O destaque da madrugada de recorde de registros ficou por conta do meteoro “bola de fogo” que apareceu por volta das 2h05 desta quarta-feira (28). O evento foi registrado simultaneamente por câmeras em Camboriú, no Litoral Norte catarinense, e no Rio Grande do Sul, em Torres e Taquara.
“Um meteoro é considerado bola de fogo quando ele é mais brilhoso do que o planeta Vênus, que tem magnitude de -4. Neste caso, o brilho foi bem similar, por volta de -4,2. Foi algo fora do comum, bem mais intenso do que todos que apareceram na noite”, disse Jocimar.
Após o cruzamento dos dados entre as estações de monitoramento, foi possível constar que o meteoro começou a brilhar a uma altitude de 92 km sobre o município Paulo Lopes, na Grande Florianópolis.
Seguiu seu trajeto luminoso por cerca de 61 quilômetros durante 2,7 segundos, até sumir a uma altitude de 36 km já sobre a Enseada de Brito, em Palhoça, na mesma região. A velocidade observada foi de 22,7 km/s, equivalente a pouco mais de 81 mil quilômetros por hora.
Chuva de meteoros nesta semana
Duas chuvas de meteoros devem produzir atividade máxima e movimentar o céu nos próximos dias, segundo a Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (Bramon).
A chuva de meteoros, denominada de Alfa Capricornídeas, tem seu dia de pico na quinta-feira (29) e está prevista a queda de cerca de cinco meteoros por hora. Já a chamada Delta Aquáridas do Sul ocorre na sexta (30) e deve ter em torno de 16 meteoros por hora.
O fenômeno poderá ser visto de todo o país. Mesmo com uma chuva de meteoros pouco intensa, a Alfa Capricornídeas pode produzir meteoros explosivos e algumas bolas de fogo durante seu período de atividade. Os meteoros da Delta Aquáridas do Sul são, geralmente, fracos e não apresentam trilhas persistentes no céu.
Entre o sábado (24) e o domingo (25), a estação de monitoramento de Monte Castelo, no Norte catarinense, fez o registro de alguns exemplares da chuva Delta Aquáridas do Sul.
Dicas de observação
Segundo a Bramon, as chuvas de meteoros poderão ser observadas a olho nu, sem a necessidade de qualquer equipamento. “Basta procurar um local adequado e olhar para o céu na hora certa”, de acordo com a entidade.
O melhor horário de observação está previsto para entre 22h e 0h30.
“Essa dica serve para Santa Catarina e também para todo o Brasil. O ponto de referência para ver as chuvas é o planeta Júpiter. Ele é o ponto [estrela] mais brilhante na direção Leste, onde o sol nasce. Como os radiantes destas duas chuvas estão praticamente na mesma direção, vai ser bem fácil acompanhar. Não quer dizer que só surgirá deste ponto do céu, mas se você traçar uma linha da trajetória do meteoro eles vão parecer surgir deste ponto”, explica Jocimar.
Outras dicas:
- Procurar um lugar escuro, preferencialmente em um local afastado das grandes cidades, para evitar a poluição luminosa;
- Desligar as luzes em volta para tornar o local ainda mais escuro;
- Utilizar uma cadeira de praia ou colchão para se deitar e observar o céu de forma mais confortável;
- Cobertas e uma garrafa de café quente à mão podem ser boas companheiras para a noite de observação.
A Bramon também estimula que os observadores comuniquem a organização após o avistamento de algum meteoro. As informações servem para registros mais precisos sobre os fenômenos e podem ser relatados no site da organização. É importante registrar a hora do aparecimento e procurar referências no céu para saber o trajeto do meteoro.
Chuva de meteoros
O meteoro é um fenômeno luminoso que ocorre quando um pequeno fragmento de rocha espacial atravessa a atmosfera em altíssima velocidade. Quando entra na Terra, esse fragmento comprime e aquece rapidamente o gás atmosférico, formando uma bolha de plasma (gás aquecido e ionizado), que brilha por um determinado período de tempo.
“Entretanto, em certas épocas do ano, a Terra atravessa uma área do céu que possui uma quantidade maior de detritos deixados por cometas ou asteroides. Quando isso ocorre, vários desses fragmentos atingem a atmosfera ao mesmo tempo, formando as chuvas de meteoros”, explica a Bramon.
Todos os meteoros de uma mesma chuva atingem a atmosfera paralelamente uns aos outros. Isso ocorre porque seguem aproximadamente a mesma órbita do cometa ou asteroide que deu origem a eles. “Entretanto, devido ao efeito de perspectiva, para um observador na Terra esses meteoros parecem se originar de um mesmo ponto no céu”, conclui a organização.)