Muito antes da chegada dos europeus às Américas, uma das maiores florestas tropicais do mundo fervilhava de pessoas que transformaram a floresta ao seu redor, de acordo com arqueólogos que encontraram novas evidências de fazendas, assentamentos e estradas enterradas sob a flora da Bacia Amazônica do Brasil.
Um aposentado debruçado sobre imagens de satélite online levou arqueólogos aos antigos trabalhos de terraplenagem, o mais recente de uma série de descobertas possibilitadas por imagens de satélite, radar aerotransportado e câmeras montadas em drones que estão fazendo ecologistas e conservacionistas abandonarem noções de longa data da Amazônia como um deserto virgem.
“É um tipo ou outro de floresta influenciada pelo homem”, disse o antropólogo Michael Heckenberger, da Universidade da Flórida em Gainesville, que não fazia parte do novo projeto. Na Amazônia, “eles estavam tecendo suas cidades com a própria floresta”.
As descobertas incluem 81 aglomerados pré-colombianos de terraplenagens na Bacia do Alto Tapajós, localizada ao longo da margem sul do Amazonas, no estado brasileiro de Mato Grosso. Datando de 1250 a 1500 DC, os locais variam de pequenas valas a grandes assentamentos com vários montes, praças e calçadas, disseram os arqueólogos.
“Quanto mais [eles] pesquisam, mais [eles] percebem que as diferentes partes da bacia estavam mais assentadas do que pensávamos”.
Grande parte da Amazônia, há muito considerada floresta tropical selvagem, está na verdade coberta por vegetação que cresceu sobre terras agrícolas quando esses assentamentos foram dizimados por doenças trazidas pelos europeus – que em 1542 narraram cidades “que se estendiam por 15 milhas sem nenhum espaço de casa em casa , o que foi uma coisa maravilhosa de se ver. ”
Essas crônicas eram consideradas contos de fantasia – mas a ciência dos satélites está transformando-as em uma verdade sólida, embora enterrada pela natureza.
