A Bíblia aponta de uma forma muito especial este evento, e de forma destacada. no diálogo entre Jesus Cristo e Nicodemos, fariseu do templo que queria aprender a “Boa Nova” do Mestre.
É interessante comparar os termos segundo nascimento e segunda morte, este último mencionado no Apocalipse, quando então as almas fracassadas serão levadas a involuírem nos reinos inferiores da natureza (porque a roda tem duplo movimento, e o tempo é curvo, e sendo circular e cíclico, ele admite evolução e involução).
Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.
Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?
Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.
O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.
Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo.
O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.
João 3:3-8
Uma eloquente passagem que João, o discípulo gnóstico, registrou no capítulo 3 do seu evangelho iluminado (porque João é o guardião da Doutrina crística pura) para fazer reflexão comparativa com o capítulo 3 do Gênesis, onde o homem caiu do estado de Anjo para o estado animal, entrando na roda das reencarnações e assumindo natureza mortal e corruptível.
E Jesus faz a separação de conceitos, porque tudo o que o velho Nicodemos podia compreender era um nascimento vinculado a carne, geração animal, e Jesus observa: “o que nasce da carne, é carne, mas o que nasce do espírito, é espírito”, fazendo a clara distinção entre a geração mortal e a geração imortal, ou seja, a classe humana caída e a classe de Anjos, estes seres gloriosos que as Escrituras chamam de Filhos de Deus.
Nascer da água e do espírito é nascer da castidade e do Verbo.
A imagem do nascimento de Jesus Cristo traz o formato de como nascem os Anjos, não pela carne, mas pelo espírito (Verbo, sopro) atuando sobre as águas, que tem relação com o Batismo.
Batismo, receber um novo nome, passar pela purificação do banho, das águas, de uma preparação interior, purificação completa, para que o Verbo do Espírito Santo possa atuar e recriar o homem novo dentro do homem velho que lhe concede permissão.
O diálogo de Cristo com Nicodemos também ilustra que o Batismo significa receber um novo conhecimento, uma nova doutrina, que permita ao homem compor um corpo mental alinhado com este grande propósito da religião cristã pura, sem fanatismos e crenças, mas com consciência objetiva dos mistérios: o de reassumir a perdida natureza divina, imortal, casta de Anjo.
Interessante a passagem onde Jesus associa o Espírito a um vento que passa e possui uma voz… porque esta é a exata localização da origem da Vida dentro dos mistérios. A vida nunca veio do sexo, mas do sopro e da voz do espírito dentro de nós. O sexo é um mecanismo biológico de evolução que permite a reprodução da vida, não a geração da vida. A vida é gerada muito antes do conceito sexual, até porque nossas matrizes físicas (dos antigos seres que habitaram este mundo) nem sempre foram sexuadas, divididas em dois gêneros, macho e fêmea, porém já foram andróginas, e até assexuadas, conforme a natureza dos Anjos encarnados em forma física, uma definição cada vez mais difícil do homem moderno alcançar, já que o tempo passa e a sua consciência continua cada vez mais sexualizada, mais instintiva, apesar de todo o refinamento da tecnologia e costumes da era moderna.
Nada disso tem vencido e superado o animal instintivo, feroz e voraz que vive oculto nas muitas faces do ego humano.
Ora, se a vida não veio do sexo, mas da palavra, da voz do espírito que habita dentro, é possível definir o mecanismo do segundo nascimento por uma simples analogia: o primeiro nascimento.
Como acontece o nosso nascimento, desde a concepção e desenvolvimento embrionário?
Como disse antes, o sexo é apenas um mecanismo do instinto que trabalha no sentido de reproduzir uma espécie, mas ele mesmo não gera a vida. Ao menos do ponto de vista espiritual da questão.
Até porque existem muitas dimensões dessa nossa vida física que o sexo não explica.
Pai e Mãe cruzaram sua semente, e se formou uma célula-ovo ou zigoto.
Até aqui, nossos pais forneceram a matéria-prima para que o nosso espírito iniciasse o desenvolvimento embrionário, quando esta célula começa um misterioso processo de duplicação incessante dentro do ventre materno.
O sexo chegou até aqui, lançou uma célula fundamental, mas ele não tem nada a ver com essa duplicação celular que começa assim que o zigoto se formou.
Se o coração é o primeiro órgão que o feto desenvolve, a pergunta é:
Qual a energia que aplica duplicação no zigoto, em cada estágio do desenvolvimento embrionário até que a criança esteja plenamente formada no ventre materno, e pronta para nascer?
A resposta é: a energia da vida vem da alma da futura criança, que se conecta a este zigoto imediatamente após a sua formação, o que explica o impulso de duplicação celular a partir deste momento, impulso esse transmitido diretamente às pulsações do coração, tudo isso por efeito da energia da nossa alma ao embrião conectada, e isso é motivo suficiente para tornar o ABORTO um crime direto contra a vida, que já existe ali. Na vida embrionária,
a alma que vai encarnar já conecta-se ao feto apesar de não encarnar ainda, já que o veículo não está pronto.
Essa alma lançará no feto uma espécie de cordão de energia semelhante ao próprio cordão umbilical que liga o embrião ao corpo de sua mãe, nutrindo-o em cada passo do desenvolvimento embrionário.
Como disse Jesus de um modo muito preciso a Nicodemos, o nascimento vem do espírito, não da carne.
A carne (sexo) transmite a semente, mas essa semente só desenvolve vida nela por causa da ação invisível do espírito ligado a ela. A nossa própria vida só existe por causa da alma incorporada, e a morte significa a extração dessa alma, quando o fio da vida é cortado definitivamente.
Esse mistério começa imediatamente no ventre materno.
Jesus disse que o espírito é como um sôpro, que tem uma voz… uma palavra.
A palavra, verbo, vibração desse espírito conectado ao embrião diretamente no seu coração é que injeta pulsação de vida ao embrião. Mas isso não é tudo. Quando a criança nasce, então o espírito, que também é um sôpro, um alento de vida, penetra nas narinas da criança, e nesse exato momento, o corpo é ligado na tomada final de energia, e as luzes da consciência são acesas. E a vida autônoma começa.
Todos esses conhecimentos nos ajudam a desvendar o mistério do segundo nascimento.
Como pode o homem gerar um novo embrião de alma a partir da sua vida?
Conforme Nicodemos pergunta, deverei entrar de novo no útero materno?
Essa resposta não está errada, se compreendermos que a Mãe a qual ele se referia é a presença da Mãe divina em nós, o Eterno Feminino do nosso espírito que sempre cumpre um papel materno em relação a nossa alma encarnada.
Maria, Sofia, Ísis dos mistérios da Iniciação e do segundo nascimento.
Ora, se o primeiro nascimento foi uma questão de conexão entre o embrião físico e a fonte do espírito, que é sôpro e verbo, o segundo nascimento haverá de seguir o mesmo modelo.
Nos antigos mistérios, todo discípulo candidato a Iniciação, e aspirante ao segundo nascimento, precisava se unir em comunhão mística com sua Mãe Divina, sua sacerdotisa espiritual e guia nas jornadas espirituais realizadas em vida. Para a Igreja secreta de Cristo, a Virgem Maria tem cumprido nobremente essa missão.
Então, o aspirante ao segundo nascimento tem que se cercar de todas as disciplinas, trabalhos e práticas que criem o meio adequado para esse segundo nascimento, a saber, vida de oração e prática, vida de trabalho e devoção, jejum e moderação em tudo, amor com o próximo e castidade e pureza do templo-corpo do espírito, etc.
Com o tempo, o espírito que já habita em nós mas não manifesta todo o seu poder (ainda) por causa das nossas contradições e conflitos internos, e pecados persistentes, e ego bloqueador no controle do corpo e da mente etc etc, começará a manifestar seu poder cada vez mais, de forma gradual, assim que o discípulo vá removendo de si todos os bloqueios à sua energia, todos os defeitos do ego que impedem a sua manifestação.
Esse espírito já está conectado ao nosso coração, sempre (desde o ventre materno) mas conforme o discípulo crie o meio propício, ele aumentará sua energia de vibração transmitida a partir do coração, até que, com o tempo, um segundo embrião de alma seja projetado dentro da nossa alma residual, e esse segundo embrião de alma irá crescendo e se desenvolvendo no ventre da Mãe divina, a sacerdotisa do monge buscador, e se o discípulo não falhar e não fracassar em nenhum dos inúmeros testes e desafios, e provas que virão diante dele para aperfeiçoá-lo cada vez mais, por fim, esse embrião de alma se tornará completo, inteiro, pronto para um segundo nascimento.
Nesse dia, a alma do discípulo sentirá mesmo nascer outra vez, quando ela irá acordar do sonho da morte e do adormecimento da consciência que, então, ficaram para trás… e a partir desse dia, esse discípulo será qualificado como Filho de Deus, conforme disse o Evangelho do Verbo…
“Eles (os Filhos de Deus) não nasceram do sangue (genética) nem da vontade da carne (sexo), nem da vontade do homem (desejo humano) mas de Deus (a sua Palavra de energia).
O próprio nascimento sagrado de Jesus Cristo a partir de uma Virgem sem atividade sexual, mas pelo puro poder da Palavra do Espírito Santo cobrindo aquele ventre da mulher mais casta e pura de Israel, ilustra a forma como os Anjos nascem, não do sexo, não de genética, não a partir de instintos animais… mas através do puro, perfeito, singular e todo poderoso poder da palavra do espírito em nós e em todo o Universo inteligente.
Assim sendo, tudo o que era velho e corrompido em nossa mente e em nosso corpo ANTES deste segundo nascimento, será conduzido a uma completa regeneração e restituição de poderes e faculdades DEPOIS deste segundo nascimento, já que essa nova alma formada não é mais incipiente ou apenas alma-semente encarnada, porém, é alma completa, plena, consciente, fração ativa e desperta de Deus dentro de nós, capaz de remover uma montanha de obstáculos por dia pelo singular poder da fé, e olhar para todos os limites da vida antiga que ainda era fruto de geração mortal e dizer para a morte:
Eu venci o mundo.
Eu venci a morte.
Eu alcancei o Eterno.
Até lá, as gerações continuam girando na roda, e por mais conhecimento e tecnologia que acumulem, nada disso irá resolver aquele duradouro dilema:
Porque o homem nasce para sofrer e morrer no final?
E voltar para continuar sofrer e morrer outra vez no final?
E sofrer e morrer sem parar, velho karma de toda a humanidade?
Evoluir é isso?
Ou quem chamou isso de evolução foi apenas um outro humano mortal, sem nenhum conhecimento da ciência dos Anjos e da Iniciação dos renascidos no espírito pelo verbo e pelo sôpro, humano esse que, cego, se fez guia de cegos e rei caolho em terra dos mesmos?
Porém, toda a missão de Jesus Cristo pode ter o seu alvo central definido aqui:
Ajudar a geração mortal escrava da roda da morte e do tempo a reassumir a sua condição original de Filhos de Deus imortais, por uma simples questão de ressonância do Verbo, a saber:
a Palavra de Cristo autorizando os espíritos que ele escolheu em Terra a iniciarem os seus processos de segundo nascimento a partir do trabalho dos nossos espíritos interiores.
Porque tudo no Universo é Hierarquia, e para Jesus Cristo foi dado esse poder e autoridade de dizer aos espíritos que ele escolher em Terra: “Desperte”.
Da mesma forma como ele disse para o espírito de Lázaro na caverna escura da morte…
Isso porque o Pai lhe entregou as chaves do futuro reino e de todas as vidas eleitas que ele haveria de reunir numa grande família de Anjos redimida por sua autoridade.
Isso significa que todos os “mestres” desse mundo estão debaixo dele, isso porque todos são imperfeitos, corruptíveis e mortais.
Mas ainda assim há quem prefira seguir estes do que o Senhor dos Senhores.
Livre-arbítrio.
Porém, para escolher bem… é preciso conhecer bem.
A mistificação do sexo é algo equivocado.
A fonte da vida não está no sexo, mas no espírito.
Nossa humanidade ainda carrega a memória evolucionária da queda do homem na geração animal.
A redenção do homem prometida por Jesus Cristo é o resgate da geração espiritual do homem, transformando-nos em seres imortais, que deixarão de sofrer, ter doenças, velhice e morte.
Ou seja, a liberdade prometida por aquela Verdade que ainda falta ser revelada ao coração de quem a merecer recebê-la.
Toda Balança tem dois lados.
Todo conceito tem dois aspectos.
Tudo o que entendemos por VIDA ainda se vincula a conceitos biológicos carnais e sexuais.
Esta é uma face da moeda, chamada Árvore da Ciência do Bem e do Mal.
Mas existe um lado oculto da Lua aqui.
A geração dos Anjos, dos deuses, dos imortais.
Aquela outra face da moeda chamada Árvore da Vida, cujo acesso aos seus frutos o homem perdeu desde o ato de desobediência ao Criador, ato esse perpetuado até hoje pelo orgulho assumido no mundo rebelde.
E este tópico tenta abrir páginas totalmente desconhecidas para a humanidade moderna, seguindo tantos ídolos de barro que nunca as levará a lugar algum além do tempo e da morte.
Tudo porque vivemos num mundo onde a tecnologia é deus, o dinheiro é deus e o prazer físico advindo do materialismo, a devoção desta nova religião.
O mal advém da Ignorância do Bem.
E a morte advém do rompimento com o espírito de Deus dentro do homem ainda prisioneiro da própria ignorância.
JP em 16.02.2020