Em primeiro lugar, para entender do que se trata, temos que compor aqui uma clara distinção entre Mente e entre Alma, que não são funções e nem órgãos sinônimos da natureza humana.
A mente, que tem no cérebro o seu veículo físico de suporte biológico, é uma espécie de porta-voz da alma, uma composição que está acima dela.
De onde vem a palavra MENTE?
Do Latim MENS, “mente”, do Indo-Europeu MEN-, “pensar, lembrar-se”.
E a palavra CÉREBRO?
A origem é o Latim CEREBRUM, “cérebro”, de uma base Indo-Europeia KER-, “o alto da cabeça”.
Ou seja, enquanto a palavra cérebro define o órgão do pensamento de uma forma mais anatômica e física, a palabra mente define o estado de pensamento em sua natureza mais psíquica e energética. O cérebro é dotado de uma consciência mental. E a consciência mental se manifesta através do órgão chamado cérebro para operar suas funções na parte biológica da vida (o corpo).
Até aqui, tudo bem.
E a ALMA? Onde situá-la?
Do Latim ANIMA, “alma, espírito, respiração, vento”, do Indo-Europeu ANE-, “assoprar, respirar”.
Alma, espírito, essência, a origem da vida e da consciência em nós.
Aqui vamos compreendendo a diferença toda.
A alma é a fonte, é a própria consciência, a Mente é o veículo da consciência.
Um exemplo simples.
Um homem e seu carro.
O carro, fisicamente falando, é o cérebro, com todas as suas funções e aparatos.
A alma é o homem que o conduz, que o dirige.
A mente é tudo o que o carro realiza, comandado pelo homem. Suas viagens, suas aventuras, seus movimentos.
E apesar de não serem exatamente a mesma coisa, normalmente Alma e Espírito são apresentados como a mesma coisa, entidade:
“Espírito” vem do Latim SPIRITUS, “alma, coragem, vigor, respiração”, relacionado a SPIRARE, “respirar”
A mesma relação com sopro, respiro (o que se origina da própria criação humana relatada no Gênesis, quando o Espírito de Deus soprou Alma na carne de Adão, e ela ganhou vida consciente).
Aqui, definimos a diferença entre Alma e Espírito. Alma é uma porção essencial do nosso espírito superior (Espírito Santo) ainda não incorporado, mas ligado o tempo todo a Alma, a porção de espírito que encarnamos no dia do nosso nascimento.
Isso abre um leque de premissas muito úteis no processo do Autoconhecimento, que define que não podemos encarnar ainda nossa porção total de Espirito (Santo) enquanto a nossa Alma (essência) não realize um trabalho interno de morte do ego (defeitos) e transmutação das energias do instinto, preparando o corpo e a mente para um novo nível de existência que, começando com o segundo nascimento, nos conduza a imortalidade, quando o STATUS de Adão imortal é recobrado.
No Ocultismo bíblico e não-bíblico, esse processo total é conhecido como Iniciação, e seu número-chave é SETE, o que se esconde nos Sete dias da Criação, nas sete tranças do cabelo de Sansão, no Setenário angélico do Apocalipse. Todas elas, cifras contendo conhecimentos sobre a Iniciação setenária humana, capaz de modificar corpo, mente e alma num processo de crucificação de energias rumo ao nível que se alinha com a Presença, então encarnada, do Espírito Santo original, após o trabalho de reedificação.
Declaradas tais coisas, como acionar os comandos da ALMA?
Muito se diz e se prega hoje em dia a respeito da excelência da mente e da sua influência sobre o corpo, o que é verdade. Mas não a verdade total.
Quem controla a mente, certamente controlará o corpo.
Mas quem tem acesso ao poder consciente da Vontade e conquista a comunhão com o espírito, realiza a obra mais importante de todas: a autorealização espiritual plena, acima de todas as conquistas materiais passageiras.
Muito se usa atualmente os argumentos da Física Quântica (mesmo a grande maioria leiga não sabendo quase nada sobre Física quântica) para demonstrar as capacidades da mente, o que eu já estudei e verifiquei como correto, porque a energia da mente atua na dimensão quântica da matéria, e daí para “cima” (quantum, partículas, átomos, moléculas, células e, finalmente, o corpo).
Porém, existe algo acima (ou abaixo, depende do referencial) da natureza quântica da mente.
Esse algo se chama ALMA, e ele participa da dimensão das cordas sonoras, vibrantes.
O poder da palavra é a materialização mais próxima da nossa alma.
A mente, por sua própria natureza, é rebelde e mutável demais, ela é como um cavalo arredio que só lhe obedece depois de muito treinamento e domesticação.
Uma mente rebelde não é de muito valor para a existência em seus trabalhos e desafios.
Mas existe um poder superior ao da mente e seus pensamentos rebeldes, obstinados ou mutantes… e esse poder se chama VONTADE. Dela é que parte os comandos da alma capazes de subordinar a mente. Da Vontade é que procede a fé impressa na palavra de ordem: FAÇA-SE!
A primeira entidade cósmica criada por Deus (ELOHIM), conforme o Gênesis 1, foi a Luz.
E ela foi criada pela palavra de ordem de ELOHIM:
Faça-se a LUZ! E a Luz se fez!
A luz está para a mente pensante como a palavra está para a vontade da alma criadora.
A mente isolada não cria nada. Ela só cria quando manifesta adequadamente o poder da alma.
O pensamento só não basta. Para que ele tenha comandos da Alma, ele precisa vir submetido à palavra de ordem do querer inabalável, da fé irremovível.
Por sua natureza, a mente oscila, a mente duvida, a mente desiste, a mente desanima, e estes estados acometem a mente quando ela perde, por diversos motivos, a conexão com a Alma-Espírito, se deixando então afligir pelos estados negativos do EGO (falsa individualidade que, na maior parte do tempo, é quem controla nossa mente, sugando toda a sua energia por meio de ilusões projetadas sem qualquer ressonância com a Verdade cósmica e os planos do Espírito em nossa vida).
Se a mente oscilar, e pior, se ela se tornar controlada pelas entidades do EGO (que somam uma legião, manifestada em cada pensamento) nossa alma-vontade não terá como transferir seu poder realizador para ela, e ela seguirá como um barco a deriva.
A alma-vontade é o capitão do barco.
Saber usar a vontade acima do próprio pensamento é uma técnica que exige treino.
A mente não é portadora da palavra de Ordem: “Faça-se”, “Haja!”, mas a Alma.
A mente é o veículo, e como todo veículo, conduz o poder da alma, pois é na alma que reside o poder da vontade
pura, se tratando de uma energia realmente criadora. Porque é nossa porção Deus presente, donde brota a vida e a
consciência.
A mente é a manifestação psíquica da alma no corpo e esfera material através dos comandos do órgão cerebral.
Mas sem o fator alma, a mente nada realiza, e quando o fator alma se conjuga com o fator vontade consciente, dessa conjunção procede todo o poder – e da submissão da mente à alma é que esse poder se manifesta no mundo físico das realizações concretas.
Sem a energia da vontade consciente presente, a mente apenas pensa. Mas nada cria ou realiza.
Enfim, é muito difícil explicar como se ativa os comandos da vontade. Tão difícil quanto explicar o estado de fé pura. É mais discernível ao sentimento do coração que ao entendimento da razão.
Trata-se de impregnar todo o seu corpo e toda a sua mente com o poder da alma, trata-se de fazer a alma lhe possuir por inteiro, enquanto o ego das ilusões perde força. Trata-se de estar em estado de comunhão gradual com o seu Ser profundo, real e desconhecido, aproveitando cada didática que o tempo nos dá para uma aproximação maior desse modelo perfeito de vida.
É uma certeza intensa, intuitiva, de um algo que deve ser realizado por você e de que forma o poder dessa realização lhe é fornecido pelos mistérios do Espírito em cada passo da sua vida única, e que ninguém pode conhecer tão bem como você próprio.
Mas, resumindo, e isso é importante:
Acionar os comandos da alma exige, antes, um estado de consciência alinhada, porque a alma não realiza ilusões. A alma só realiza situações alinhadas com a consciência, que tem então a capacidade de saber de antemão, e antecipadamente, que situações são essas.
O grande problema de muitas ideologias místicas equivocadas da era moderna (cega) é que elas centralizam a realização de seus desejos do ponto de vista do EGO adormecido, e não da consciência lúcida.
E perdem tempo e energia com realizações que nunca acontecerão.
A nossa alma, para se tornar o nosso ponto de conexão com o Universo-Deus, precisa estar consciente de si. Antes disso, ela será como um prisioneiro esquecido nas masmorras do ego no controle completo da nossa vida.
Entendem a necessidade urgente do autoconhecimento?
O instante eterno do poder da vontade consciente
A mente não é portadora da palavra de Ordem: “Faça-se”, “Haja!”, mas a Alma.
A mente é o veículo, e como todo veículo, conduz o poder da alma, pois é na alma que reside o poder da vontade pura, se tratando de uma energia realmente criadora. Porque é nossa porção Deus presente encarnada, donde brota a vida e a consciência.
A mente é a manifestação psíquica da alma (alma pensante) no corpo e esfera material através dos comandos do órgão cerebral.
É a vida e a consciência dizendo na mente:
“Penso, logo, existo!”
Mas sem o fator alma, a mente nada realiza, porém quando o fator alma se conjuga com o fator vontade consciente, dessa conjunção procede todo o poder – e da submissão da mente à alma é que esse poder se manifesta no mundo físico das realizações concretas.
Sem a energia da vontade consciente presente, a mente apenas pensa, assumindo existência finita. Mas nada cria ou realiza por si mesma.
Pode haver poder sem consciência, mas não existe consciência sem poder.
E quem tem acesso ao poder consciente da Vontade e conquista a comunhão com o espírito, realiza a obra mais importante de todas: a auto-realização espiritual plena, acima de todas as conquistas materiais passageiras.
Só não podemos confundir alma com ego, porque enquanto a alma é nossa individualidade real, nossa porção divina encarnada, o ego é uma soma psíquica desordenada e impura de valores invertidos, que parasitam a energia da alma (Jesus o chamou LEGIÃO, os demônios internos habitando os infernos psicológicos do ser humano), direcionando sua energia para caminhos equivocados.
O comum no ser humano é o ego, e não a alma, comandar sua vida e controlar sua mente e, por efeito, as suas ações. Contudo, quanto mais esse ego seja detectado e eliminado, mais o poder da alma se torna consciente, e por efeito, mais intensamente se manifestará.
Infelizmente, o ego moderno sabe se camuflar de místico e se travestir de espiritualizado, empregando toda essa linguagem de pensamento positivo para tentar atrair do “Universo” seus objetos de desejo, suas riquezas, suas fortunas e toda a sua vergonhosa cobiça material, desonrando o poder divino em sua fonte e propósito supremo, que é a realização espiritual na vida (quando o material se torna apenas um meio para isso, e não uma finalidade explícita).
É claro que tal cobiça mística não tem acesso algum à fonte da alma criadora, e girará em círculos dentro do tempo, mais e mais encapsulada por suas ilusões não trabalhadas até o dia de sua morte, decreto final a todas as suas transgressões.
Esse poder é tão imenso dentro do homem que ele tem acesso ao instante eterno das infinitas possibilidades do Universo, o que significa que esse poder não requer nem tempo e nem circunstâncias externas favoráveis para ser exercido, e às vezes, ele pode acontecer até mesmo no meio de circunstâncias desfavoráveis atuando.
Alguém pode ter ficado 40 anos deitado numa cama com doença neurológica lhe impedindo de andar. Mas se a alma captar esse poder, esse alguém poderá voltar a andar instantaneamente.
Tudo o que a alma precisa é do estado mental e emocional adequado para capturar essa palavra de ordem eterna fluindo ressonante nos espaços divinos da Criação para estabelecer sua determinação na esfera material.
E transferir ao plano material uma realidade que já existe como condição eterna naquelas dimensões sutis da natureza. Se você olhar para um doente e visualizar esse mesmo doente no plano físico como criatura saudável nos planos da existência superior perfeita, e transferir a palavra de ordem de cura para ele, realizará os mesmos milagres de Jesus.
Essa convicção vem do coração, daquele átomo da fé, menor que um grão de mostarda, mas que pode mover montanhas, se a sua palavra de ordem sair de sua boca com a mesma convicção do Universo das infinitas possibilidades que tangem o impossível.
Mas se a sua mente duvidar – e é aqui que a mente se torna um obstáculo – e não acreditar no impossível, ela nunca se elevará acima das pequenas possibilidades de uma vida comum.
Quem condiciona sua vontade dentro dos limites do que considera possível, nunca romperá esses limites em suas realizações.
Capturar a energia do instante eterno pela voz do querer da alma é realizar o impossível! Porque será o Querer de Deus em nós!
JP em 27.11.2020