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O resgate da criança no passado da alma

O resgate da criança no passado da alma
(Segundo a Astrologia do autoconhecimento)

Esse artigo trata das fases do crescimento humano reguladas por ciclos astrológicos que vão criando camadas sobre a nossa alma, camadas essas que produzem níveis de esquecimento em relação à criança que fomos e ainda somos, em algum lugar dentro de nós mesmos, naquele passado arquivado em nosso subconsciente.

Isso acontece porque as experiências da vida material vão cristalizando com o tempo uma segunda personalidade de cobertura sobre a nossa alma, alinhada segundo os valores do signo ascendente, justamente o signo que é influenciado pela Terra (mundo material) e suas percepções, no centro da nossa vida, centro deslocado do Sol para a Terra.

A cristalização definitiva acontece por volta dos 30 anos terrestres, quando Saturno completa um ciclo, cobrindo então 2,5 ciclos de Júpiter (cerca de 12 anos), e 15 ciclos de Marte (cerca de 1,881 anos), e 30 ciclos solares (o ano terrestre de 365 dias) e 48 ciclos de Vênus (cerca de 0,615 anos) e 122 ciclos de Mercúrio (0,241 anos) e cerca de 385 ciclos lunares (média de 28 dias).

Todos esses ciclos (definindo os trânsitos astrológicos) aplicados sobre o mapa e as casas do destino geram o cenário dinâmico das existências e das suas múltiplas experiências que cristalizam a personalidade humana final, uma resultante psicológica gerada entre tendências internas e fatores ambientais, fazendo com que aquela criança interior, manifestada de forma pura pelos valores solares e lunares do mapa nos primeiros anos da infância, vá submergindo aos poucos no inconsciente, memória arquivada e devagar se tornando inativa em nossa mente consciente, como um arquivo morto, como o DNA lixo.

Essa criança interior se apresenta com força total nos primeiros sete anos de vida, regida de forma pura pelos valores dos signos do Sol e da Lua, combinados. Se a pessoa nascer num dia de Lua nova, com Sol e Lua no mesmo signo, isso significa uma experiência de alma fortemente vinculada, naquela existência, aos valores daquele signo.

Interessante é notar que o Sol e a Lua em movimento, combinados nos doze signos do Zodíaco, fornecem 144 pares de personalidades distintas conforme suas posições. O número bíblico (Apocalipse) que identifica as medidas perfeitas do Espírito de Deus, tanto para o seu Reino como para a humanidade que nele há de habitar. A simbologia zodiacal se apresenta com força na descrição da Jerusalém celestial de doze portas (Apocalipse 21).

Medir o valor 144 pode representar a assimilação de todos os 144 pares de posições Sol-Lua na alma, completando o perfil espiritual na nossa alma, já que em nossa memória carregamos os valores de todos os signos do Zodíaco desde as muitas vidas passadas.

Mas voltando aos ciclos construtores de experiência psíquica, aquele primeiro ciclo de sete anos pertence à Lua, e o signo lunar tem muita força aqui, nos sete primeiros anos de vida. A idade de ouro da consciência pura do Ser manifestada na mente infantil ainda descondicionada do mundo, coisa que vamos perdendo na medida em que o mundo começa a condicionar nossa forma de pensar, sentir e agir, por parte dos adultos já condicionados, começando pelos nossos pais (a casa IV, o cenário inicial da existência conforme as doze casas do destino).

Depois dos próximos sete anos, até os quatorze anos, rege Mercúrio e o desenvolvimento intelectual, e a criança interior perde força, na idade de prata da consciência.

Então, chega a adolescência, a sexualidade e o ciclo de Vênus, cobrindo até os 21 anos, e a criança vai desaparecendo (especialmente diante dos impulsos sexuais), na idade de bronze da consciência, até que, aos 21 anos, se levanta o adulto, já com seu ego definido e suas principais tendências cristalizadas, isso até os 30 anos, quando completa o ciclo de Saturno e, em relação à percepção e presença daquela criança original, se estabelece a idade de ferro da consciência, até a idade avançada e a morte.

O nosso signo solar e signo lunar representam as polarizações da nossa alma, que já se manifestam antes de qualquer experiência material na primeira idade e principalmente até os sete anos, e se o Sol representa os valores que nossa alma manifesta, a Lua representa como a nossa alma recebe e reage ao mundo.

Eis a raridade dos nossos primeiros anos de vida. Os nossos impulsos psicológicos infantis vem de DENTRO, não sendo estimulados ou criados por fatores externos, como vai acontecendo com o tempo e a formação daquela personalidade secundária (o ego). Investigar essa fase da vida é uma grande e valiosa oportunidade de autoconhecimento e reconexão com o Ser interior profundo.

A alma não tem idade, é entidade eterna, mas as fases astrológicas marcam seu grau de expressão no mundo externo e na nossa própria consciência.

O ego humano, que não é alma, mas personalidade temporal, é quem vai assumindo o controle da personalidade, preferencialmente construída segundo os valores do signo ascendente, que vai então abafando aqueles valores do Sol e da Lua que, ao invés de assumirem natureza pura, vão se tornando mais mundanos, mais maliciosos e impregnados das influências materiais que limitam a percepção espiritual.

Assim, aqueles valores que a alma canalizava na infância tenra, segundo as direções do Sol e da Lua (as duas metades da alma em nós, expressão e impressão) vão decaindo com o tempo conforme acumulamos bagagem de experiências, e com ela, toda malícia da vida que vai nos tornando mundanos, materialistas, e até cansados de tudo, perdendo aos poucos a capacidade de sonhar (característica muito infantil, por sinal) isso porque a criança em nós tinha uma conexão direta com a “fonte” justamente por sua ausência de racionalismos e reações do ego por cobertura diante da vida, que lhe guiava a alma pura e desnuda.

O EU SOU em nós foi sendo substituído pelo tempo por muitas camadas da personalidade, psicologia de adaptação ao mundo, e outras condições adquiridas pelo tempo e fabricadas em nossa personalidade como defesa do mundo lá fora.

O ideal seria que a personalidade do ascendente nunca perdesse o contato com a Criança interior, a fonte em nós, e assim, se alinhasse com os valores positivos do signo que ocupa, sem os traços de impureza do ego.

É possível resgatar a criança interior?

Sim, esse trabalho pode ser conduzido pela meditação combinada com a memória e a reflexão interior resgatando as cenas do passado e, através delas, alimentando aquela criança perdida quando alimentamos nossa consciência dessas memórias e dos valores mais puros que pudermos filtrar e garimpar em todas elas, aqueles valores de uma conduta natural pura que refletia nossos melhores potenciais nascentes diante da vida, emoções, gostos, inclinações e pequenas coisas que revelam grandes panoramas em nosso mundo interior, mesmo os sonhos da infância, por mais simples que possam parecer, estão repletos da carga espiritual do SER primordial que estava em contato muito próximo daquela nossa alma no seu estágio infantil, dos tempos das bonecas e dos brinquedos, da inocência perdida que pode e deve ser resgatada, porque naquele tempo apareciam de forma natural as nossas melhores virtudes, alinhadas conforme nosso Sol em estado puro, e que foram se perdendo nas etapas seguintes de crescimento e adaptação ao mundo material e suas imperfeições.

O signo ascendente será o condutor da personalidade adquirida (ego) pela vivência, malícia, acúmulo de experiências, soma de traumas, bloqueios, tristezas, dores, erros, medos, mágoas, enfim, criando aquela “casca dura” de psicologia conforme a direção do signo ascendente, e que a nossa alma cria justamente para se defender das agressões do mundo externo, como uma concha de segurança dentro da qual justamente fica enclausurada aquela criança, o primeiro espelho da nossa alma, que era ativa na infância mas que agora se torna apenas uma memória cada vez mais diluída pelo tempo, como uma lembrança perdida.

E pior, a deformação da personalidade adquirida também deformará as nossas melhores virtudes da alma, virtudes solares e lunares, desviando suas qualidades para direções equivocadas. O ascendente é como uma roupa que confeccionamos para vestir a nudez da criança original, nudez aquela que era nossa própria autenticidade e liberdade de ser do passado e que, com o tempo, passou a nos envergonhar em nossa caricatura adulta.

As muitas parábolas de Cristo abordam a necessidade desse resgate, como tornar a ser criança para voltar ao paraíso perdido, ao reino espiritual de Deus.

Assim, é uma parte importante do autoconhecimento o resgate daqueles estados internos puros da criança em nós, reincorporando-os à nossa consciência presente como forma de fortalecer o canal com a fonte, recuperando aos poucos nossa identidade original anterior à conformação do ego na vida material.

Encare essa criança como sendo a raiz da árvore que você hoje se tornou, perdida em algum lugar da profunda dimensão Inconsciente.

Observações:

Se o Sol e/ou a Lua ocuparem o mesmo signo do ascendente, os valores da personalidade adquirida no tempo se alinharão melhor com aqueles valores antigos de alma, conforme a polarização Sol/Lua, e embora tais valores tenham sido desfigurados pelo ego material, essa perspectiva de resgate se torna facilitada por se apoiar numa linha mais homogênea de direções psicológicas.

A Lua rege particularmente o período da infância, até os sete anos, e se relaciona bastante com os valores da casa astrológica IV, e essa fase é muito importante no período da primeira cristalização psíquica, que segue conforme períodos de sete anos, na forma de camadas psicológicas que vão se sobrepondo à mente infantil até que ela desapareça por completo do cenário da consciência de vigília.

O signo da Lua, portanto, é o que melhor armazena na memória todo aquele perfil da nossa alma manifestada nos primeiros anos de vida, e recobrar esses valores nos fornecerá um poder interior muito grande, na forma de uma gradual reconexão interior.

Outro detalhe interessante sobre a Lua é que sua posição no mapa também regula nossa disposição onírica, ou seja, a forma como sonhamos, como conduzimos nossa atividade onírica nas horas do sono. Podemos inclusive investir mais no conhecimento do signo lunar em nosso mapa e suas influências sobre nosso ciclo onírico com o qual diretamente se relaciona, bem como a casa IV.

Interessante notar que o signo solar nos regula mais durante o dia, enquanto estamos ativos, consciência desperta, enquanto o signo lunar nos regula enquanto dormimos, consciência do outro lado do sono, ou subconsciência, definindo nosso padrão de sonhos.

Juntando as duas metades, teremos o canal completo do Ser em polarização de almas, a chave da Iluminação.

JP em 07.08.2022

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