CiênciaEspiritualidade

O Grande Segredo do Tetragrammaton

“O que está em cima é também o que está embaixo”.
– Hermes Trimegisto

O JOD-HE-VAU-HE Cabalístico.

Por Franz Bardon

Tudo o que foi criado, o macrocosmo e o microcosmo, portanto o grande e o pequeno mundos, formaram-se através dos elementos. Por causa disso pretendo, já no começo da iniciação, ocupar-me justamente dessas forças a mostrar especialmente sua profundidade a seu múltiplo significado. Até hoje se falou muito pouco, na literatura oculta, sobre as forças dos elementos, por isso resolvi assumir a tarefa de tratar desse assunto ainda inexplicado e erguer os véus que encobrem as suas leis. Não é nada fácil esclarecer os não-iniciados de modo a levar ao seu conhecimento não só a existência e a ação desses elementos, mas também dar a esses leitores a possibilidade de trabalhar posteriormente com essas forças na prática.

O Universo todo iguala-se ao mecanismo de um relógio, com engrenagens mutuamente dependentes. Até mesmo o conceito da divindade como a entidade de alcance mais elevado, pode ser classificado de modo análogo aos elementos, em certos aspectos. Há mais detalhes sobre isso no capítulo que trata do conceito de Deus.

Nos escritos orientais mais antigos os elementos são definidos pelos Tattwas. Na nossa literatura européia só lhes damos atenção na medida em que enfatizamos seus bons efeitos ou apontamos suas influências desfavoráveis, o que quer dizer portanto que sob a influência dos Tattwas determinadas ações podem ser levadas adiante ou devem ser deixadas de lado. Não há dúvidas sobre a autenticidade desse fato, mas tudo o que nos foi revelado até hoje aponta só para um aspecto muito restrito dos efeitos dos elementos. A prova dos efeitos dos elementos em relação aos Tattwas, para o use pessoal, consta de modo suficientemente explícito nas obras astrológicas.

Porém eu penetro mais profundamente no segredo dos elementos, a por isso escolho uma outra chave, aliás análoga à astrológica, mas que não tem nada a ver com ela. Pretendo ensinar as diversas maneiras de utilizar essa chave até agora desconhecida para o leitor. Trato cada uma das funções, analogias a efeitos dos elementos, em seqüência e com mais detalhes, nos capítulos subseqüentes. Além de desvendar o seu lado teórico, também mostro a sua utilização prática, pois é justamente nela que reside o maior arcano.

Sobre esse grande conhecimento secreto dos elementos já se escreveu no mais antigo livro da sabedoria esotérica, o Tarot, cuja primeira carta, o mago, representa o conhecimento e o domínio dos elementos. Nessa primeira carta os símbolos são: a espada, que simboliza o elemento fogo; o bastão, que simboliza o elemento ar; o cálice, o elemento água; a as moedas o elemento terra.

Aqui podemos perceber que já nos antigos mistérios apontava-se o mago como primeira carta do Tarot, a assim se escolhia o domínio dos elementos como primeiro ato da iniciação. Em homenagem a essa tradição quero também dedicar a maior atenção sobretudo a esses elementos, pois como veremos adiante, a chave para os elementos é um meio universal com o qual se pode solucionar todos os problemas que surgem. De acordo com os indianos, a seqüência dos Tattwas é a seguinte:

· Akasha – o princípio etérico; Ovo negro

· Tejas – o princípio do fogo; Triângulo Vermelho

· Waju – o princípio do ar; Círculo Azul

· Apas – o princípio da água; Crescente Prateado

· Prithivi – o princípio da terra; Quadrado Amarelo

De acordo com a doutrina hindu os quatro Tattwas mais densos formaram-se a partir do quinto Tattwa, o princípio akáshico. Por isso o Akasha é o princípio original, e é considerado como a quinta força, a assim chamada quintessência. Esclarecimentos mais detalhados sobre o Akasha, o elemento mais sutil de todos, serão apresentados ao leitor no capítulo correspondente. As características específicas de cada elemento também serão mencionadas em todos os capítulos subseqüentes, iniciando-se nos planos mais elevados a descendo até a matéria mais densa, inferior. Como o próprio leitor poderá perceber, não será uma tarefa fácil analisar um segredo tão grande da criação a colocá-lo em palavras, de modo a dar a todos a possibilidade de penetrar nesse assunto e construir uma imagem plástica dele.

Mais adiante falarei também sobre a decomposição dos elementos, além de mostrar seu valor prático, para que cada cientista, seja ele químico, médico, hipnotizador, ocultista, mago, místico, cabalista, iogue, etc., possa extrair disso a sua utilização na prática. Se eu conseguir informar o leitor a ponto de pelo menos permitir que ele penetre nesse assunto sabendo utilizar a chave prática naquele campo do conhecimento que lhe agrada mais, então o objetivo do meu livro terá sido alcançado.

O Princípio do Fogo

Tejas – Triângulo Vermelho

Como tivemos oportunidade de mencionar, o Akasha, ou Princípio Etérico, é a origem da criação dos elementos. O primeiro elemento que de acordo com os escritos orientais nasceu do Akasha, é Tejas, o princípio do fogo. Esse elemento, como todos os outros, não age só em nosso plano denso, material, mas em tudo o que foi criado. As características básicas do princípio do fogo são o calor e a expansão; é por isso que no começo da criação tudo era fogo a luz. A bíblia também diz: “Fiat lux – que se faça a luz”. Naturalmente a base da luz é o fogo. Cada elemento, inclusive o fogo, possui duas polaridades, a ativa e a passiva, Le., Plus a Minus (mais a menos). A Plus é a construtiva, criadora, geradora, enquanto que a Minus é a desagregadora, exterminadora.

Sempre se deve considerar essas duas características básicas de cada elemento. As religiões atribuem o bem ao lado ativo e o mal ao lado passivo; mas em princípio o bem e o mal não existem, eles são apenas conceitos da condição humana. No Universo não existem coisas boas ou más, pois tudo foi criado segundo leis imutáveis. É justamente nessas leis que se reflete o princípio divino, a só na. posse do conhecimento dessas leis é que podemos nos aproximar do divino.

A explosão é inerente ao princípio do fogo, a será definida como fluido elétrico para fins de formação de uma imagem. Sob esse conceito nominal compreende-se não só a eletricidade material, densa, apesar de ter com esta uma condição análoga, como veremos a seguir. Naturalmente torna-se claro para qualquer pessoa que a característica da expansão é idêntica à da extensão. Esse princípio do elemento fogo é ativo a latente em tudo o que foi criado, portanto em todo o Universo, desde o menor grão de areia até as coisas visíveis a invisíveis mais elevadas.

O Princípio da Água

Apas – Crescente Prateado

No capítulo anterior tomamos conhecimento da criação a das características do elemento positivo fogo. Neste capítulo descrevo o princípio contrário, o da água. Assim como o fogo, ele também se formou a partir do Akasha, o princípio etérico.

Em comparação com o fogo porém, ele possui características totalmente opostas; suas características básicas são o frio e a retração. Aqui também se tratam de dois pólos: o pólo ativo, que é construtivo, doador de vida, nutriente a preservador; e o negativo, igual ao do fogo, desagregador, fermentador, decompositor, dissipador. Como o elemento água possui em si a característica básica da retração, ele deu origem ao fluido magnético. Tanto o fogo quanto a água agem em todas as regiões. Segundo a lei da criação, o princípio do fogo não poderia existir se não contivesse um pólo oposto, ou seja, o princípio da água. Esses dois elementos, fogo e água, são aqueles elementos básicos com os quais tudo foi criado. Por causa disso é que em todos os lugares sempre temos que contar com dois elementos principais como polaridades opostas, além do fluido magnético a elétrico.

O Princípio do Ar

Waju – Círculo Azul

Outro elemento que se formou a partir do Akasha é o ar. Os iniciados encaram esse princípio não como um elemento real, mas colocam-no numa posição intermediária entre o princípio do fogo e o da água; o princípio do ar, como meio, por assim dizer, produz um equilíbrio neutro entre os efeitos passivo a ativo do fogo a da água. Através dos efeitos alternados dos elementos passivo a ativo do fogo a da água, toda a vida criada tomou-se movimento.

Em seu papel intermediário, o princípio aéreo assumiu do fogo a característica do calor, a da água a da umidade. Sem essas duas características a vida não seria possível; além disso elas também conferem ao princípio aéreo duas polaridades: no efeito positivo a da doação da vida, a no negativo, a exterminadora.

Quanto aos elementos citados, devemos acrescentar que não se tratam de fogo, água a ar comuns – na verdade só aspectos do plano material denso – más sim de características universais dos elementos.

O Princípio da Terra

Prithivi – Quadrado Amarelo

Já dissemos que o princípio do ar não representa propriamente um elemento em si, a essa afirmação vale também para o princípio da terra. Isso significa que, do efeito alternado dos três elementos mencionados em primeiro lugar, o elemento terra formou-se por último, pois através de sua característica específica, a solidificação, ela integra em si todos os outros três. Foi justamente essa característica que conferiu uma forma concreta aos três elementos. Ao mesmo tempo porém foi introduzido um limite ao seu efeito, o que resultou na criação do espaço, da dimensão, do peso, e do tempo. Em conjunto com a terra, o efeito recíproco dos outros três elementos tomou-se quadripolar. O fluido na polaridade do elemento terra é eletromagnético. Como todos os elementos são ativos no quarto elemento(o da terra) toda a vida criada pode ser explicada. Foi através da materialização da vida nesse elemento que surgiu o “Fiat”, o “faça-se”.

Outras explicações mais detalhadas dos efeitos específicos dos elementos nas diversas esferas a reinos, como no reino da natureza, no reino animal, no reino humano, etc., poderão ser encontradas no conteúdo subseqüente do livro. O importante é que o leitor consiga ter uma idéia geral do funcionamento a dos efeitos dos princípios dos elementos em todo o Universo.

A Luz

O princípio do fogo é a base da luz; sem ele a luz jamais poderia existir. Por isso ela é um dos aspectos do fogo. Todos os elementos do fogo podem ser convertidos em luz a vice versa. É por isso que a luz contém todas as características específicas: é luminosa, penetrante, expansiva. O oposto da luz é a escuridão, que surgiu do princípio da água, a possui as características específicas opostas às da luz. Sem a escuridão a luz não só seria irreconhecível, como não poderia existir. Assim podemos perceber que a luz e a escuridão surgiram a partir da alternância de dois elementos, ou seja, do fogo a da água. Em seu efeito, a luz possui a característica positiva e a escuridão a negativa. Essa alternância ocorre em todas as regiões.

O Akasha, ou o Princípio Etérico – Ovo negro

Na descrição dos elementos, eu mencionei que estes surgiram a partir do princípio etérico. Por causa disso ele é o mais elevado de todos, o mais poderoso a inimaginável; ele é a origem, o fundamento de todas as coisas a de toda a criação. Em resumo, ele é a esfera primordial. É por isso que o Akasha é isento de espaço e de tempo. Ele é o não criado, o incompreensível, o indefinível. As religiões chamam-no de Deus. Ele é a quinta força, a força primordial; ele é aquilo que contém tudo o que foi criado a que mantém tudo em equilíbrio. É a origem e a pureza de todos os pensamentos e idéias, é o mundo das coisas primordiais no qual se mantém tudo o que foi criado, desde as esferas mais elevadas até as mais baixas. É a quintessência dos alquimistas. É tudo em todas as coisas.

Karma, a Lei de Causa a Efeito

Uma lei imutável que possui seu aspecto característico justamente no princípio do Akasha, é a lei de causa a efeito. Toda causa provoca um efeito correspondente. Essa lei vale, em todos os lugares, como a lei suprema; assim toda ação tem como conseqüência um determinado efeito ou produto. Por isso o Karma deve ser considerado não só uma lei para nossas boas ações, como prega a filosofia oriental, mas, como podemos perceber nesse caso, seu significado chega a ser bem mais profundo. Instintivamente, as pessoas sentem que todo o bem só produz bons frutos a todo o mal tem como conseqüência a produção de coisas más; ou como diz a boca do povo: “O que o homem semeia, ele colhe!” Essa lei irrevogável deve ser conhecida a respeitada por todos. A lei da causa e efeito também é inerente aos princípios dos elementos. Não quero aprofundar-me nos detalhes dessa lei, que aliás podem ser expressos em poucas palavras, porque eles são claros a lógicos para a mente de qualquer pessoa. A lei da evolução ou do desenvolvimento também se subordina à lei da causa a efeito; é por isso que o desenvolvimento é um aspecto da lei do karma.

Franz Bardon

 

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