Quem não sabe se controlar nos prazeres, será ainda mais sensível a dor, e ao que consta no conhecimento da neurologia, o culto ao prazer também aumenta a sensibilidade da dor… os monges que controlam a dor, controlam o prazer.
Mecanismos importantes do sistema nervoso a serem explorados, porque eles são ilusões neurológicas prendendo a mente nos interesses da biologia física, enfraquecendo a biologia do espírito.
O controle da dor pressupõe o controle do prazer. Pessoas escravas dos vícios ficam muito mais sensíveis à dor por se conectar à mente de forma excessiva no plano sensorial de sua ação neurológica.
Mente e sistema nervoso são entidades diferentes, apesar de soarem como sinônimos. O sistema nervoso controla todas as suas funções orgânicas e cria uma PONTE dos sentidos para vincular ao mundo externo as necessidades vitais e funções básicas do corpo físico.
A mente não é consciência, mas é o canal de suas impressões psíquicas das coisas, é a forma como vocè lida com o mundo ao redor e consigo mesmo, elaborando e armazenando conceitos e formando a compreensão de tudo isso, de todos os dados assimilados pelos cinco sentidos e processados pelo sistema nervoso.
Enfim, a mente se torna da forma como você comanda o sistema nervoso, isso quando você não é comandado por ele, que é o que acontece no caso dos vícios e pessoas dependentes.
As informações de prazer assumem o controle da mente e direcionam o sistema nervoso em sua dependência, que vai adoecendo a cada dia, até ajuntar prejuízos irremediáveis para si.
E então, por consequência, quando a DOR se instala, até porque as doenças logo se instalarão no corpo devido a essa conduta imoderada, excessiva e nociva, então a mente dessa pessoa reagirá a dor com a mesma extrema sensibilidade que reagia ao prazer, o que a levou a cultivar vícios.
Em situações normais, o sentido neurológico do prazer é fundamental a vida, tanto quanto o da dor, e se o prazer é uma espécie de condicionamento nervoso às funções do instinto (comer, reprodução, etc), a dor vai na via contrária, e funciona como alerta neurológico quando partes do corpo não estão funcionando bem, ou começam a manifestar problemas.
O cérebro de uma pessoa viciada em qualquer coisa ficou muito condicionado ao aspecto sensorial da vida ao ponto de criar ilusões sensoriais de prazer aos quais se condiciona e se escraviza. A dor é a outra face do aspecto neurológico do prazer, digamos, é o seu pólo oposto e equilibrador dentro do jogo binário das informações sensoriais, e tem duas finalidades essenciais: revelar áreas doentes no corpo e impor limites aos abusos.
Então, o primeiro passo ao controle da dor é saber por igual controlar o prazer. É saber suplantar as necessidades de prazer, tirando o foco do cérebro dessa necessidade compulsiva de estar satisfazendo apetites corporais, e tentar viver a vida na mais perfeita moderação, tal como os monges aprendem em suas escolas de meditação, levando a vida simples, retirando-se do sexo (que é a fonte mais intensa de prazer do corpo), jejuando, praticando algum tipo de mortificação e penitência, tudo isso para transformar a leitura do prazer corporal numa experiência de prazer espiritual, que já é de outra natureza, incomparável, porque se relaciona com a alma e a comunhão de energias divinas que vibram nela… e esse prazer sensorial na didática do sacrifício e da renúncia é substituído por uma felicidade interior real.
Geralmente pessoas habituadas nessa didática suportam mil vezes mais a dor e a privação do que pessoas materialistas e que vivem a vida se esbaldando nos prazeres da carne e da mesa… e que quando pequeninas dores lhes assaltam, gritarão como porcos alucinados, porque reagirão a dor tão intensamente em seu sistema nervoso quanto reagem ao prazer, sem controle, e que buscam sem qualquer freio ou limite, e assim, condicionam a mente à embriaguez das ondas sensoriais. Ou seja, quem não se controla no prazer, não poderá se controlar na dor, é um reflexo automático do sistema nervoso dentro de um mesmo status de sensibilidade sensorial.
Na prática, pobres e pessoas sofridas, com muitas privações, suportam mais a dor do que os ricos e abastados que vivem se embriagando nos prazeres que o dinheiro compra.
A vida prática ensina isso. E as estatísticas de suicídios, também.
Até mesmo a preguiça é encarada como uma entrega do corpo aos prazeres do repouso em excesso, daí que tais monges e alunos das técnicas praticam muito, e também tiram o condicionamento preguiçoso da mente indolente, que também se move por prazer.
É tão sutil esse comportamento da nossa mente girando ao redor do foco dos prazeres da vida que muitos deles nos passam despercebidos e se tornam como conduta de vida normal.
Quanto mais escravos nos tornamos da necessidade de satisfazer prazeres desnecessários ao corpo, mais nos tornamos sensíveis à dor, por causa do condicionamento das impressões mentais em cima do funcionamento do sistema nervoso.
Controlar e mesmo bloquear o prazer é o primeiro passo para se conquistar o controle e até o bloqueio da dor. Então, entenderemos como muitos monges e iogues conseguiam ficar sem comer por dias, conseguiam andar sobre carvões em brasa e outros prodígios impossíveis para os ocidentais e sua cultura materialista e sensorial. São anos de condicionamento mental e treino, como fazem muitos lutadores de artes marciais.
Quando a pessoa se satura de prazer, ela literalmente se torna embriagada de ondas sensoriais no sistema nervoso, e amplifica demais a sensibilidade sensorial da mente.
E um detalhe: o uso de analgésicos para qualquer dorzinha piora tudo, porque é uma tentativa de ludibriar a mente. E vai acontecendo também uma dependência a eles, e como é sabido, vão diminuindo seu efeito com o tempo, ou seja, a pessoa vai sentindo mais dor porque, ao invés de controlar a informação nervosa da dor na raiz, tentou somente bloquear o efeito e não atuar na causa.
O segundo passo para se controlar a dor está em saber iludir a própria mente, o que é plenamente possível, desde que entendamos como ela funciona.
Mente não é sistema nervoso, e mente não é consciência.
Mente é, digamos assim, psiquismo organizado.
Sistema nervoso é controle neurológico das funções orgânicas, e tanto é verdade que mente e sistema nervoso funcionam separados que ninguém precisa PENSAR em respirar ou realizar outras tarefas pela manutenção do corpo, ele as realiza por si mesmo, obedecendo os comandos neurológicos do cérebro.Ou seja, é o Psiquismo (Alma), atuando em duas frentes, a frente nervosa e a frente mental, e um detalhe: as funções nervosas estão totalmente ancoradas ao funcionamento cerebral, mas o mesmo não podemos dizer das funções mentais… na verdade, as funções mentais estão mais para LEITURAS DO CÉREBRO diante das manifestações da alma, sendo o cérebro o seu veículo de manifestação, e não o seu órgão gerador e gerenciador, como no caso do sistema nervoso.
É sabido que a mente nos prega peças todo o tempo, que as emoções influenciam diretamente nas percepções, e que muitas vezes, o medo aumenta o tamanho do inimigo, aumenta o tamanho dos problemas e aumenta o tamanho da dor.
Buda já falava na diferença entre dor e sofrimento.
Dor é uma sensação nervosa oriunda de algum processo orgânico de restabelecimento, mas sofrimento é como a mente interpreta essa dor. Sofrimento é a atitude mental de cada um diante da dor.
A dor pode ser a mesma em termos de condição neurológica entre as pessoas, mas a reação de sofrimento que cada um tem variará enormemente, da mesma forma como objetos de prazer variam. Por exemplo, o que dá prazer para uma pessoa pode não dar a outra. De qualquer forma, muitos dos nossos arquivos mentais não passam de ilusões granuladas. Já foi dito que as próprias sensações orgânicas são ilusões nervosas que a mente cria para condicionar o corpo às suas necessidades vitais básicas, como comer, procriação, etc.
O prazer é um gancho que o sistema nervoso usa para cumprir essas necessidades do corpo.
Nessa ótica, se a mente, como entidade psíquica, tem outro campo que não se prende ao campo do sistema nervoso como entidade de manutenção orgânica, isso nos leva ao fato de que tanto o prazer como a dor são ILUSÕES que a mente inventa para satisfazer as necessidades do corpo via sentidos, via sistema nervoso.
E se são ilusões, AMBOS PODEM SER MODIFICADOS.
Exemplo. A pessoa passou anos viciada em cigarros, e sentia prazer enorme fumando eles, isso porque condicionou sua mente a essa sensação, mesmo se tratando de um comando neurológico inútil e nocivo para a saúde. Mas depois de um tempo, vencendo doenças e outros problemas, largou definitivamente o cigarro, tanto que passa a sentir asco de cigarros e do cheiro de fumaça. Viram como sensações são reversíveis, transformáveis?
O perigo dos vícios está no grau em que a mente passa a incorporar essas sensações neurológicas à própria estrutura das necessidades vitais, mas como um intruso, de natureza falsa, e muitas vezes, convertendo tais hábitos em facetas de sua própria personalidade e identidade.
O problema é que os escravos do prazer tomam o prazer como uma coisa absoluta e indispensável em suas vidas, ao ponto de tomarem a vida como tendo por meta o prazer, condicionando a mente a ele e desequilibrando totalmente o organismo pelos excessos, trazendo doenças e debilidades com isso. Vejam só o condicionamento auto-imposto que lançam sobre suas mentes com tal comportamento.
O corpo e o prazer ficam no controle e a mente cai como escrava atada nas correntes das sensações neurológicas. Daí, é previsível o que vai acontecer quando a dor aparecer. E ela sempre aparece, principalmente em pessoas desregradas, pura lei de causa e efeito ao longo do tempo.
São pessoas que centralizam suas vidas na busca pelo prazer, e quando a dor aparecer, ela será interpretada pela mente como absoluta, dominadora, avassaladora e invencível, como uma embriaguez sensorial que enfraquece as defesas da mente, tal como era encarado o prazer, e então, a pessoa passará por enorme sofrimento porque a dor lhe parecerá amplificada no sistema nervoso e nos receptores cerebrais, porque a mente a aumenta.
Dor e prazer são fenômenos neurológicos passíveis de interpretações psicológicas muito variáveis entre indivíduos, aliás, como toda e qualquer percepção sensorial do mundo externo.
Mas a didática dos monges e iogues lhes fornece o controle das percepções! E mais, o abrir de novas percepções da mente, aumentando os níveis de sua consciência.
No geral, na sociedade comum, consumista e materialista, assim condicionada desde o berço, o cérebro está muito engarrafado nos conceitos gerados por sensações, e não por consciência. O prazer é entronizado e a dor é tida como vilã absoluta e isolada. O cérebro fica oscilando nessa dualidade doentia, corre atrás do prazer e da satisfação com o mesmo ímpeto com que foge da dor e do desgosto. Esse pêndulo é todo ele o mecanismo de condicionamento negativo a que a sociedade moderna entrega sua mente com base em sua cultura consumista absurdamente ignorante destes valores de sabedoria.
Resumindo:
Primeiro passo: aprender a controlar e bloquear o prazer.
Segundo passo: saber iludir a própria mente. Porque se a dor é real e existe, o sofrimento é a forma como cada mente interpreta e reage a dor, como ao prazer, o que é um comportamento totalmente individual, pessoal. Sim, mudar a atitude mental perante a dor, e perante o prazer. Saber que mente e circulação de energia nervosa e sensorial (dor e prazer) são entidades distintas.
Conquistando esse status de controle da mente, você controlará por efeito todas as sensações que circulam no sistema nervoso, e descobrirá o nome do grande vilão por trás de tudo isso, desse jogo estressante dos extremos do pensamento, e que, se não forem controladas, danificam corpo e mente a curto, médio, longo, todos os prazos.
E o nome do vilão, o grande vilão secreto, é este:
AS SUAS EMOÇÕES.
Terceiro: Controle suas emoções!
Medo, raiva, carência, angústia, ansiedade, mágoa, solidão, depressão, enfim, estes elementos é que realmente controlam a vida secreta da mente e disparam nas sensações nervosas todas as muletas de comportamento que fazem do prazer e vícios um falso remédio e falso alívio para suas perturbações secretas.
São as emoções doentes que nos levam aos vícios.
Quem controla as emoções… controla tudo! E no final, tanto a dor como prazer serão encarados como sugestões mentais. E qualquer coisa que puder ser contida no pensamento, uma sugestão mental que voce pode manipular como queira e obter grande poder direcionado com isso, desde que alcance o auto-controle perfeito.
O Mecanismo não poderia ser mais simples!
Quem melhor consegue se controlar nos prazeres, melhor suportará a dor.
Mas o inverso é verdadeiro.
As pessoas fracas para os prazeres carnais, que vivem abusando, são as que mais são sensíveis à dor, e essa dor geralmente vem em resposta dos seus excessos.
São duas medidas em uma mesma balança neurológica de operações nervosas.
O deus desejo
E eu fico imaginando essa humanidade cada vez mais escrava dos prazeres da Gozolândia… quando vierem aqueles dias em que os “vivos invejarão os mortos”.
Pessoas sem nenhuma vida espiritual, nenhuma prática de oração e meditação, apenas prazer, prazer e mais prazer.
Tudo o que importa é gozar, todo o tempo, e servir o deus do corpo, o deus desejo!
São como as casas edificadas sobre a areia da parábola cristã… a mais leve tempestade as derrubará.
E virão enormes tempestades no “velho ano novo” que se aproxima…
E haja gozolândia para essa gente!
Nunca aprenderam que a Balança tem dois pratos, e que todo gozo e prazer abusivo em um dos pratos é compensado e equilibrado com dor no outro prato.
Isso vale para o corpo e para a humanidade, é a Lei do Equilíbrio.
O Karma é todo desvio medido na Balança a ser corrigido, ou por trabalhos conscientes de reparação, ou por dor.
E a humanidade sempre optando pela dor…