A Medusa (em grego: Médousa, “guardiã”, “protetora”), na mitologia grega, era um monstro ctônico do sexo feminino, uma das três Górgonas. Filha de Fórcis e Ceto (embora o autor antigo Higino interpole uma geração e cite outro casal ctônico como os pais da Medusa), quem quer que olhasse diretamente para ela era transformado em pedra. Ao contrário de suas irmãs górgonas, Esteno e Euríale, Medusa era mortal; foi decapitada pelo herói Perseu, que utilizou posteriormente sua cabeça como arma, até dá-la para a deusa Atena, que a colocou em seu escudo. Na Antiguidade Clássica a imagem da cabeça da Medusa aparecia no objeto utilizado para afugentar o mal conhecido como gorgonião.
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Existem variadas interpretações da Medusa como arquétipo e símbolo, mas acho que essa aqui você não conhece.
Uma das faces da Mãe divina… a face da morte.
Imagine Medusa como sendo a inversão da deusa do amor e da beleza, Afrodite (por quem fora punida), e entenderá na Medusa o aspecto invertido da Mãe divina, aquela parte do Sagrado Feminino associado com a Morte, contraponto ao nascimento também conectado ao arquétipo Mãe, tocando as duas pontas, porque o renascimento divino salta e transcende esse espaço circular fechado entre o berço e a sepultura, quando o Iniciado desce aos mundos inferiores e enfrenta a deusa cujos olhos não suportam ver a maldade, e tudo o que manche o amor e a beleza sem que converta tudo isso em pedra e poeira!
Eis a alegoria do mito e sua verdade hermética, porque as mitologias antigas são repletas de jornadas de deuses e semi deuses aos mundos inferiores para resgatar duas coisas preciosas, a imortalidade e a alma gêmea.
Teseu deve enfrentar o Minotauro, enquanto Perseu enfrenta Medusa. Porque somente os olhos da Medusa poderiam destruir o invencível Kraken!
Então, no final, Medusa é salvadora da grande cidade que o Kraken destruiria!
Hércules realiza a captura de Cérbero no reino de Hades, e Orfeu desce para negociar com Hades o resgate de sua amada Euridice… no final, não devemos nos esquecer que Jesus precisou passar duas noites no reino de Hades antes de subir ressurrecto e glorioso no Sol da manhã de domingo. Assim, o mesmo conceito iniciático teve várias leituras no mundo antigo, todas paralelas e semelhantes entre si.
Medusa, em resumo, é aquela parte de nossa Mãe Divina interna que não suporta ver o impuro em nós, o que é feio, desarmonioso e que fira a beleza do amor em nossa constituição humana original. Por isso, ela não transforma em pedra o que é bom em nós, mas somente o que não presta em nossa alma.
O próprio Inferno não está lá para condenar almas ao tormento eterno.
Quem lê a Divina Comédia de Dante, por exemplo, compreende bem a finalidade das dimensões inferiores e suas energias densas arrastadas em tempos muito longos… o Inferno está lá para destruir os defeitos das almas, e não as almas, que, depois de um tempo hábil na UTI do cosmos, voltarão aos reinos evolucionários da Natureza.
Ali, no Inferno, Dante é proibido de ter compaixão dos pecados dos homens ali queimados com fogo.
Toda Ira, toda Soberba, toda Luxúria, toda Gula, toda Preguiça, toda Mentira, toda cobiça e tudo o que não presta e que está agregado à Psicologia humana originalmente pura, será destruído com fogo.
Um médico não destrói o paciente com seus medicamentos, ele elimina suas doenças.
O Inferno é apenas um grande Hospital de almas.
O que Deus condena nos Infernos pela eternidade é o mal que a alma carrega dentro de si, jamais a alma que Ele mesmo criou. Porque Deus não criou as maldades que, depois, na escola das existências, se aderiram à alma nessa segunda natureza criada pelo próprio homem e suas escolhas equivocadas, o ego.
O Inferno é o Intestino da Terra, e além desse papel em relação as almas ainda encadeadas no duplo movimento da roda, evolução e involução, a região inferior do planeta depura e digere todas as energias que circulam na superfície, tentando manter o equilíbrio. São cosmologias do Ser Vivo chamado Terra que desconhecemos totalmente, geralmente só considerando os mecanismos que vem dos planos superiores, influência do Sol, Lua, planetas e estrelas, mas ignorando que tipo de energias de efeito todos estes argumentos do céu criam nas dimensões inferiores da Terra, efeito reverso ou contrário.
Muitas foram as figuras simbólicas colocadas no reino de Hades, Sheol, Xibalba, Tuat, Tártaro ou Inferno para comandar esse trabalho todo. E todas elas com a mesma função: depurar o impuro, eliminar o mal, transformar o denso, para que, novamente na alma humana ali “internada”, possa voltar o puro, o bem e o sutil do espírito.
Mas aquela alma que, por si mesma, não esperou pela morte e pela internação na UTI planetária para realizar esse trabalho de morte interior, o olhar da Medusa não lhe será terrível e petrificante, antes, nem como Medusa sua Mãe divina lhe olhará, mas sim, como a Deusa de todo o Amor, Beleza e Graça: porque o que olhamos nos olhos da Medusa é apenas o reflexo do que ela nos mostra do nosso interior, o que transforma, assim, os olhos da Medusa em espelhos de todas aquelas coisas negativas que carregamos dentro mas procuramos fingir que não temos, sempre desviando os olhos de nossa consciência para coisas mais agradáveis… contudo, para quem realmente quer renascer das cinzas do ego dissolvido, não poderá fugir jamais dos Olhos de Medusa, a guardiã dos Infernos.
Quando toda a mitologia antiga for compreendida além da mera fantasia, na sua forma original proposta de Hermetismo puro e ciência da transformação do humano e divino, então a civilização moderna descobrirá (ou melhor, redescobrirá) um dos maiores tesouros do auto-conhecimento, e que sempre esteve diante de si.
Mas como sempre, lhe faltam OLHOS para ver a preciosidade de tudo isso.
Infelizmente, essa sabedoria está se tornando profunda demais para as mentes superficiais demais da nova era da ignorância automatizada … e para todos esses pensamentos negativos que carregamos na mente, cada um deles representado por uma serpente da cabeleira de Medusa…
JP em 07.02.2020