CAPÍTULO I
“Como eu poderia explicar a Sagrada Princesa Sac Nicté, a Branca Flor do Mayab, e seu beijo que é o beijo que arrebata aos homens da morte e os leva à origem de sua linhagem maya onde se encontra o caminho que, na Verdade, é a Vida?” JK
Essa Entidade feminina é cercada de divindade e com poder de transformar o homem mortal num filho dos deuses, da linhagem maya.
“Essa leveza foi um toque de fogo que incendiou o meu sangue e deu vida à minha carne, e com suas chamas consumiu a petrificada escória que me afastava dela” JK
A face da Mãe Morte, que aparece nos mistérios da Iniciação, se mescla com a face da Mãe Natura a embalar a alma do seu amado filho dentro dos seus processos.
(Sete mantos de toda a ilusão = sete pecados capitais)
“Nada (ela) me disse com palavras, e não podia querer dizer-me nada assim, porque ela é como uma só palavra que é todas as palavras; e em seu olhar, que é a plenitude da vida que desperta a alma, há a luz que nos mostra a entrada da Terra do Mayab, e nos satisfaz pelos séculos dos séculos, e faz dos homens de barro uma medida a mais do Grande Senhor Oculto, para quem não haverá nunca um homem capaz de descrevê-lo integralmente” JK
Com certeza, são alegorias do trabalho interno cuja primeira realidade nos conduz ao Pai e Mãe internos profundos. E cabe à Mãe Divina o papel de nos guiar até o Senhor Oculto (o Deus interno) preparando e educando a nossa alma para isso, em tudo o que seja necessário, até que o homem de barro (Adão mortal) se converta em homem imortal da linhagem da Grande Mãe Maya.
No Hermetismo clássico, os signos de Virgem e Peixes cumprem esse papel.
É o desdobramento da nossa alma em Duada. E esse simbolismo se alinha com os antigos mistérios de Isis, relatados pela sabedoria grega no aspecto iniciático do Segundo nascimento, quando o discípulo só começaria a marchar de fato na via eleita quando sua mãe interna, na forma de Ísis, lhe aparecesse, mostrando a porta aberta… tal como Judas relata, Sac Nicté lhe transformando em homem maya antes de lhe revelar o caminho aberto até o Sagrado Mayab.
E dentro destes mistérios, uma das associações mais presentes é o da Mãe Divina com a face da Morte em rituais de entrada: Solve et Coagula, primeiro o velho homem precisa morrer, para que depois, a Mãe divina gere e nutra o novo homem em seu ventre. Não há a menor intenção em se transformar estas páginas de metafísica pura em lições de magia sexual ,porque não há nenhum contexto sexual em nenhuma delas, apesar do simbolismo em algumas passagens.
“Ah, homem de linhagem maya! Faz-te olhos para ver, ouvidos para ouvir, abre-os, escuta e desperta para também poder morrer. Morrer integralmente de uma só vez! Porque a plenitude que é ela, a Princesa Sac-Nicté, a Branca Flor do Mayab, só a encontra os homens em cujas veias corre o sangue da linhagem maya; são os que nascem à vida que acende o beijo de seus lábios, e esse beijo é o beijo da mais doce morte porque é o beijar da Ressurreição com a qual toda carne verá a salvação de Deus!”
JK
O Grande Senhor Oculto é também uma denominação da divindade de Cristo, e de uma forma mais ampla, da Grande Hierarquia Oculta que governa este mundo, este Sol e sistema de Universos.
Ninguém vai ao Pai a não ser através de mim! Disse Jesus Cristo.
Mas Cristo não nasceria se não houvesse uma alma Virgem para recebê-lo neste mundo!
A função da Mãe Sagrada é dar nascimento interno àquele que nos reintegrará ao Pai.
“Aproximei-me dela, a Sagrada Princesa Sac-Nicté, Branca Flor do Mayab, em um amanhecer de primavera, em uma das tantas voltas que a Terra também se aproxima do Sol para trocar beijos com ele, dar-lhe sua seiva e receber sua semente, e fecundar seu ventre para que coma também daquele amor sua descendente, a Lua” JK
Muito do estilo poético de JK me lembra citações da Tábua Esmeraldina e sua simbologia alquimista falando do Sol, da Lua, da Terra, vento, fogo e os elementos na Criação divina no homem.
“O coração de barro se abriu e o fogo o cozeu e fê-lo ânfora para o Grande Senhor Oculto, e os lábios da princesa Sac-Nicté sopraram no barro e fizeram dele uma forma com seu inefável alento de eternidade” JK
“Se és um homem da linhagem maya, eis aqui que EU falo agora essa palavra no fundo do teu coração, para que a ti também fale com seu beijo a eternamente bela e sagrada Princesa Sac-Nicté, e se cozam o teu barro e a tua água para que, quando a água se evapore e o pó do teu barro ao pó voltar, fique tua ânfora viva no amor do Grande Senhor Oculto” JK
A analogia usada por Judas nestas passagens para ilustrar o segundo nascimento é incrível e precisa: o nosso vaso é um barro frágil que se rompe e vira pó, deixando escapar a água da vida dentro dele, que é a vitalidade que vem da alma (o corpo não gera a vida em si mesmo, apenas a contém). Cozinhando esse barro no fogo do amor da Mãe divina, é que o nosso vaso se torna ânfora inquebrável que não deixa mais escapar as águas da vitalidade da alma procedente, e seremos sempre preenchidos pelo poder do Senhor Oculto, o que é uma chamada a Ressurreição crística e a promessa de imortalidade.
“Para que se cumpra a profecia do Sagrado Chilam Balam de Chumayel, que disse que “não está a vista tudo o que há dentro disto, nem quando há de ser explicado. Os que o sabem vêm da grande linhagem de nós, os homens mayas. Eles saberão o que isto significa quando leiam. E então o enxergarão e o explicarão”.
“E assim também se cumprirá em vós a santa profecia do Mayab de Jesus e virá o dia em que sabereis que ‘não sois vós que falais, senão que o Espírito de vosso Pai que fala em vós’ JK
O Mayab de Jesus é o Reino de Cristo, tão celebrado pelos profetas, evangelistas e pelo próprio Jesus Cristo, em nome do qual ele fora crucificado. E da cruz ele contemplou as virgens terras do futuro Mayab, e isso lhe consolou.
Quem é o Chilam Balam de Chumayel, tão evocado por Judas em seu manuscrito?
CHILAM BALAM
Os livros maias de Chilam Balam, designados pelos nomes de localidades iucatecas como Chumayel, Mani e Tizimin, são geralmente colecções de textos díspares (desiguais) nos quais as tradições espanholas e maias se aglutinaram, tendo sido encomendados nestas localidades originárias por padres. Os maias iucateques atribuíram parte dos relatos e poemas constantes nestes livros a um autor lendário chamado Chilam Balam, sendo um chilam um sacerdote que fornecia oráculos. Alguns dos textos consistem mesmo de oráculos sobre a chegada dos espanhóis ao Iucatã e mencionam um chilam Balam como seu primeiro autor. A tradição colonial espanhola estendeu o título Chilam Balam de forma a abranger todos os textos díspares encontrados num determinado manuscrito.
Os textos tratam sobretudo de história (tanto pré-hispânica como colonial), calendários, astrologia e ervas medicinais, trazendo importantes elementos da visão religiosa do povo maia, bem como de toda a sua visão de mundo. Escritos em língua maia iucateca (em escrita europeia), os manuscritos são oriundos dos séculos XVII e XIX, embora muitos dos textos que acabaram por ser incluídos nestes livros datem do tempo da conquista espanhola. Assume-se que nos livros maias mais antigos, o elemento religioso e profético fosse mais proeminente. Acredita-se que os textos reproduzidos pelos maias alfabetizados por espanhóis sejam feitos das reminiscências de livros queimados pelos autos promovidos pelo religioso Diego de Landa.
Enquanto que os textos médicos são bastante factuais, os textos históricos e astrológicos são realmente esotéricos. Em várias passagens destes textos surgem pequenos fragmentos de informação importantes sobre a antiga mitologia. Além do seu valor intrínseco, os textos históricos (ou crónicas) são particularmente importantes pois estão construídos com base no calendário maia (ainda que com algumas adaptações ao sistema de calendário europeu) e contêm antigas previsões para períodos tun e baktun. Já o Chilam Balam de Chumayel composto também de poemas que tratam, entre outros temas, da dor e a doença causadas pela conquista espanhola, revelando de forma amargurada a visão religiosa dos maias conquistados.
Devido à sua natureza muitas vezes alusiva e metafórica, poética, e ao iucateque arcaico em que estão escritos, os textos de Chilam Balam constituem um desafio formidável para os tradutores.
WIKIPÉDIA
O Chilam Balam de Chumayel, escrito entre 1775 e 1800 EC, na vila de Chumayel, Guatemala (profecia do Katun p/ Can Ahau Katun [K’atun 4 Ajaw], traduzido p/ os 20 anos do final das eras 1500, 1756 e 2012.
Apesar de muitos outros “eclipses” (na verdade trânsitos) de Vênus já terem ocorrido ao longo dos 12 Baktuns, o início da Conta Longa (Profecia Maia) se deu com um específico “nascimento” de Vênus em 3114 AEC e terminará com uma específica “morte” de Vênus em 2012 (trânsito de 06 de junho).
Segundo o trabalho desenvolvido pelo pessoal do calendário (Calendário Civil (+ Tzolkin) Maia 2008-2009 Ano 10 Caban (Tikal)): “Os Trânsitos de Vênus ocorrem numa seqüência que se repete a cada 243 anos, com pares de Trânsitos espaçados de 8 anos seguidos de dois longos intervalos de 121,5 e 105,5 anos.
As “profecias maias” (termo plural) estão contidas nos chamados Chilam Balam (livro das adivinhações).
São textos ligados a vaticínios onde cada clã da antiguidade possuía o seu sacerdote responsável e Chilam Balam (um dos sacerdotes) ficou mais conhecido.
Ao longo do tempo seus “adivinhos” faziam anotações sobre eventos futuros, baseados naturalmente nos ciclos, números e símbolos da astrologia sagrada (observação e confirmação de eventos por seus antepassados, por isso ciência).
O significado profético aqui está no aspecto cíclico. Lembrando que fora reescrito pelo clero espanhol. Importante ressaltar que o Chilam Balam foi escrito pós conquista espanhola como tentativa de resgate da cultura maia após a queima de seus escritos pelo próprio clero, sob a responsabilidade do Frei Diego de Landa.
É provável que os padres tenham influenciado a confecção do Chilam Balam com o conhecido apocalipse cristão, tornando seu conteúdo tendencioso. Tomemos por exemplo estar escrito “o mundo de Deus” em suas linhas. Sabemos que os maias são politeístas.
A mesma coisa aconteceu quanto a divindade Hunabku (deus único) introduzido pelos padres espanhóis p/ desnaturar a cultura maia e cristianizar a população.
(Outras fontes)
Judas parece se referir a ele (Chiam Balam de Chumayel) como sendo um sacerdote específico de grande sabedoria, e que fez inúmeras profecias baseadas nos cômputos do calendário maia totalmente articulado pelos ciclos cosmológicos, como já é sabido. Esses ciclos envolvem principalmente eclipses (similarmente ao estilo bíblico-apocalíptico) e trânsitos específicos (como o de Vênus), além da própria contagem do tempo maia em unidades de tempo diferentes do nosso sistema, kines, tunes, katunes, baktunes, etc.
A similaridade entre estas profecias maias e as passagens bíblicas levaram Judas a associar Chilam Balam (que pode ter se tornado um titulo sacerdotal entre os maias) com João e o Apocalipse, além das profecias do Evangelho, estabelecendo vários paralelos entre ambos os estilos.
Continua na parte 10
Segue o Livro para leitura:
https://ovoodaserpenteemplumada.com/arquivos/o-voo-da-serpente-emplumada-para-leitura-03-04-2010.pdf
Veja também:
JP em 09.04.2020