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Desvelando o VÔO DA SERPENTE EMPLUMADA (parte 16)

Capítulo II

Neste capítulo, Judas narra, de forma totalmente original e inédita, sobre o encontro de Jesus com Nicodemos, conforme o relato do Evangelho de João, capítulo 3, que focaliza os caminhos do segundo nascimento: um dos capítulos mais importantes, aliás, do seu evangelho de luz.
Rabi de Nazaré, Chilam da Galiléia (Chilam, Autoridade espiritual, sacerdote).
“O que é nascido da carne, carne é, esta de uma geração” (homens mortais, 48 leis)
“O que é nascido do espírito, espírito é, e esta é outra geração (o início da ressurreição e da ascensão espiritual)
“Não se pode por vinho novo em odres velhos…”

(Estas e outras sentenças)
O vinho novo é a alma renovada, regenerada, e precisa de corpos igualmente novos.
Nicodemos começa a descobrir sobre a morte em vida, ponte de Judas para a regeneração de João, o sacerdote da Luz.

Capítulo III

“Leva para o verdadeiro homem o sol que te pede, estende-o em seu prato, com a lança cravada no meio do seu coração e o Grande Tigre sentado sobre ele, e bebendo o seu sangue” JK

Um interessante enigma com qual Judas definiu o perfil do fariseu Nicodemos perante Jesus, o novo saber, e Moisés, a tradição.

“Pois Nicodemos levou a luz do seu entendimento aos pés de Jesus, e o saber de Moisés era um aguilhão doloroso em seu peito, pois era somente saber, e desde então, a garra da sabedoria lhe manteve sujeito” JK

Trata-se da clássica diferença entre letra morta diante do intelecto e palavra viva do espírito a partir do coração. O Grande Tigre da Lei mosaica inflexível, uma lei dura e severa em cujas linhas Nicodemos não contemplava nada além de um sentimento de dr e impotência… mas a liberdade começou com as palavras vivas de Cristo.
E sua ânsia de espírito começou a atrair a força de Sua Mãe Divina interna a conectar sua Alma com a Igreja Ascendida, num outro sentido de Maternidade Espiritual (A Madre Igreja do céu, Útero dos duas vezes nascidos)
Judas era discípulo de Nicodemos na ocasião em que também foi apresentado a Jesus Cristo.

“Homem de linhagem maya, eis aqui a segunda prova: o Verdadeiro Homem quer que vás trazer-lhes os juízos do céu, pois nem todo aquele que diz ‘Senhor Senhor’, entrará no Reino do Mayab, mas sim aquele que faz a vontade do Pai, o Grande Senhor Oculto. E o Verdadeiro Homem tem muitos desejos de ver os juízos do céu, pois a Ele tem sido dado do Juízo.
Isso está escrito nas escrituras da Quarta Geração.” JK


Os juízos do céu são méritos. O Verdadeiro Homem é Cristo, Filho de Deus (em Jesus), e Ele ensina o seu caminho nas escrituras da Quarta Geração, daqueles que estão acima dos Iniciados e dos duas vezes nascidos que ainda são mortais. É a partir da Quarta Geração que o mestre se torna imortal, conforme os Juízos do Filho, o Verdadeiro Homem, como na analogia que Judas fez para Jesus, na comparação com Moisés, o Grande Tigre.

Porque o Pai a niguém julga, mas deu ao Filho todo o julgamento! João 5: 22
E esse Juízo, o de permitir que um homem da sexta e da quinta gerações se torne homem da quarta geração, como os deuses Pauahs, caberá ao Juízo do Filho, o Cristo em Jesus entre nós!

Capítulo IV

Neste capítulo, Judas narra os primeiros contatos seus com Jesus Cristo por intermédio de seu Instrutor, Nicodemos.
Menciona os sábios de Naim, e a tradição de Hillel contidos no Talmude.

Hilel, o Ancião ou o Babilônico (em hebraico: הלל; c. 60 a.C. – c. 9) líder proto-rabínico, visto nas fontes rabínicas como sendo o pai fundador da casa de Hilel; viveu durante o reinado de Herodes, o Grande e foi uma figura central dos últimos tempos (período do Segundo Templo).
Nasceu na Babilônia (no que é hoje; o Iraque.), mudou-se para Jerusalem para estudar. Estudioso respeitado em seu tempo, é à Hilel atribuído diversos ensinamentos da Mishná e do Talmud.
Quando um pagão que queria se tornar um judeu pediu-lhe um resumo da religião judaica nos termos mais concisos, Hillel disse:O que é odioso para ti, não faça a teu próximo: esta é toda a Lei;
o resto é mero comentário (Shab. 31a).
Com estas palavras, Hillel reconheceu como princípio fundamental da lei moral judaica o preceito bíblico de amor fraterno.

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Mas nem mesmo os ensinos de Hilel confortavam o dolorido coração de Nicodemos. Esse estado psicológico de Nicodemos, descrito com detalhes por Judas, pode ser compreendido como os sintomas de uma alma em vias de despertar para o caminho, a verdade e a vida, saídos da palavra viva do Espírito que transcendem a letra morta dos livros…

“E entre os que o seguiam (Jesus), estava Maria, a prostituta de Magdala, e agente dos publicanos Levi, e estranhos homens que pescavam, e um moço, João, e seus irmãos” JK

O relato de Judas coloca Madalena realmente como uma prostituta, o que contrasta com os atuais movimentos madalenistas modernos, que declaram que ela foi esposa de Cristo, e que a sua fama de prostituta foi invenção da Igreja. Mas Judas não diz o mesmo!

E também ficamos sabendo que João era o discípulo mais jovem do Mestre.
Sobre os sábios de Naim, se refere a certo grupo de estudiosos da cidade de Naim, célebre pelo milagre de Jesus Cristo quando da ressurreição do filho de uma viúva nessa cidade.
Uma declaração de Jesus, na minha opinião, revela a ponte entre a tradição rabínica e o Evangelho, entre o Judaísmo congelado nas crenças obscuras e o Cristianismo nascente nas obras da luz, entre a letra morta da lei e a palavra viva do espírito:
“Eu não vim para negar os profetas, mas para cumprí-los!”
E declara Nicodemos (segundo Judas) “Temos perdido o fio que conduz a verdade!”
E para confundir ainda mais Nicodemus, Jesus lhe disse (segundo Judas):

“Só quem crê haver perdido o fio que corre através dos tempos, tem o verdadeiro fio em suas mãos, e quando encontre a sua alma, não a perderá” JK
Algumas modificações de sentenças de Cristo já contidas nos evangelhos canônicos, aquelas parábolas que mais parecem paradoxos enviados como flechas mortais ao parco entendimento do Ego…

Capítulo V

Neste capítulo, Judas narra o seu primeiro encontro pessoal com Jesus Cristo no episódio da mulher adúltera e da sentença memorável:
“Quem não tiver pecado, que atire a primeira pedra!”

“Que lei regia a conduta deste homem, para quem as Escrituras pareciam não existir?
Em que águas bebia sua sabedoria? Que tradição havia formado sua alma?” JK

A Escritura da Lei não pode ser inflexível e imutável diante do coração arrependido. E os fariseus do tempo de Jesus já haviam endurecido o seu coração na lei, nunca considerando o arrependimento dos pecadores e, por efeito, esquecendo da existência da compaixão divina, que é a Lei acima de todas as leis, porque se a lei menor é dura (e deve ser dura mesmo) para coibir o pecado, a Lei Maior chamada Amor deve abraçar totalmente a alma dos pecadores com Graça e Perdão, não só da parte de Deus para conosco, mas também, da nossa parte para com os semelhantes!
Disse um sábio:
“A Lei foi feita para os homens, e não os homens para a Lei!”

O Propósito do Amor não é punir os pecadores, mas ensiná-los a andar de forma consciente nos caminhos da Verdade e da Justiça, quando a Luz dissipa a ignorância que causa toda dor para sempre.
O Amor é a Primeira Lei, a Lei da Unidade, e todas as leis menores saíram da Lei do Amor para direcionar o homem à verdade por seus próprios méritos e conquistas.
Foi por isso que ele perdoou a mulher adúltera. Porque esta mulher só era adúltera por lhe faltar amor no coração, dominada então pela luxúria. Mas depois que o amor do mestre preencheu todos os espaços vazios de sua alma, curando o seu coração, ela despertou para a verdade do adultério, e se transformou, quando então passou a ser regida por outra lei. Não mais a lei dura da Torá e seus apedrejamentos, porém, pela Lei superior da compaixão.
Se o homem sofre, e se as diretrizes do Apocalipse estão caindo dolorosamente sobre a humanidade, é porque, infelizmente, a alma humana, apesar de tanto tempo nessa escola da Terra, ainda é regida pelo Egoísmo, e não pelo Amor. E para o Egoísmo se aplica a lei das pedras, e não a lei do perdão.
Porque, se o Egoísmo não consegue perdoar os outros, além de ferí-los, como poderemos esperar outra coisa da lei senão que todo o mesmo?
O Amor que temos é o amor que damos.
O Perdão que Deus nos dá é o perdão que aprendemos a entregar aos que nos feriram.
Se não temos nem o Amor e nem o Perdão, é porque o egoísmo nos isolou da Lei maior, quando então nada resta a Deus senão que nos tornar regidos pela lei menor, a lei das pedras.
Porque pedras é o que ainda atiramos nos outros…

Está em nossas mãos atrair pedras ou compaixão da Justiça divina.
E o pior de tudo é que o orgulho humano, na maioria das vezes, prefere as pedras do mundo do que as mãos redentoras de Cristo…
E Este Rabi de Nazaré me disse:

“O rigor da lei corresponde sempre ao que habita no coração humano, Judas. Não o esqueças, para que aprendas a julgar com Justiça. Por seus juízos conhecerás os corações dos homens. Mas meu Pai, que estás nos céus, misericórdia quer e não sacrifício, quer um coração faminto de seu amor e sua sabedoria, ainda que seja um pecador, pois as vezes a virtude isolada do Bem pode ser pior que o próprio Mal” JK

Já se conhecia a Lei da Atração desde aqueles tempos… e o amor a Deus sobre todas as coisas sempre foi o primeiro mandamento da lei do Amor em todas as escrituras antigas…. o amor que rege nossas vidas e almas, e que, por um inacreditável contrassenso do mundo materialista, é o tipo de amor que menos existe sobre essa Terra.
Porém, de que forma a virtude isolada do Bem pode ser pior que próprio Mal?
Penso que seja a mesma relação que fé sem obras: ou virtudes que só são justificadas no BEM que se pratica. Porque virtudes sem esse BEM, tendem a se tornar estéreis, ou então, se acomodarem em crenças fanáticas que sim, podem se tornar piores que o Mal, no sentido de que pecadores costumam ter mais consciência do seu estado doente de espírito do que crentes fanáticos, que já se acham salvos porque são santos. Creio que Jesus indiretamente anunciou o perfil dos Fariseus aqui.
Vens comigo, Judas? Perguntou-me (Jesus) começando a andar.
E eu o segui.
Não o sabia então, mas a partir deste dia eu tenho andado sempre com ele, de geração em geração, porque nosso destino estava urdido desde o começo dos tempos.” JK


Essa observação de Judas é muito interessante, porque fala em sua alma ligada a Jesus Cristo de geração em geração: mas se Cristo é imortal, ele quebrou a sua roda de renascimentos ao ascender, mas Judas e os outros apóstolos, mortais, continuaram renascendo, de geração em geração, cada qual com uma tarefa a ser evocada na memória, quando chegasse a hora e quando a ligação permanente entre todos eles e Jesus Cristo se manifestasse em cada uma de suas vidas na peregrinação do Samsara. Porque Jesus prometeu, em seus discursos finais, que nunca os abandonaria, e que quando retornasse, Ele reuniria os doze no futuro Reino.

Esse manuscrito escrito por Judas é a prova dessa conexão permanente entre sua alma e Jesus Cristo, na urdidura no Novo Mayab (o reino para poucos).
“Quando um homem tem fome, pode converter as pedras em pão”, disse-me. Mas eu tenho um pão que saciará toda fome e uma água que acalmará toda sede. E a quem queira comer, eis aqui que lhe dou, e a quem queira beber, eis aqui que lhe digo: porque mesmo nas pedras encontrarás o Verbo de Deus” JK

Passagens com referência à tentação no deserto quando Jesus teve fome e o diabo lhe disse: transforma estas pedras em pão! Quando Jesus responde ao Diabo: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus. E por isso, Jesus conclui sua sentença, dizendo que até nas pedras encontra-se o Verbo de Deus (o agente da Criação de tudo o que existe).

“Há os que falam do Bem e do Mal, mas que nada sabem da Vontade do Único Bom, e por isso precisam de juízos e condenações. Mas se nossa justiça não fosse superior à deles, seríamos muito pequenos no Reino dos céus. Tão perfeito é o Amor do Pai que faz seu Sol abrigue por igual a justos e pecadores. Assim é preciso que seja a nossa perfeição, pois tal é a Misericórdia.” JK

Um sublime ensinamento de Jesus Cristo, distinguindo muito bem a diferença entre a consciência do dogma e da crença (Bem e Mal, céu e inferno, prêmio e punição) e a consciência do Amor no canal direto com a Justiça de Deus em sua forma mais elevada: a Compaixão.

O caminho das ovelhas brancas e das ovelhas negras, arrebanhadas em crenças e desgarradas de proselitismos, buscando a Deus em essência!

Continua na parte 17

Segue o Livro para leitura:

https://ovoodaserpenteemplumada.com/arquivos/o-voo-da-serpente-emplumada-para-leitura-03-04-2010.pdf

JP em 15.04.2020

Veja a parte anterior:

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