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A Esfinge não resolvida

Esfinge, simbolo vivo do enigma, do desafio, da charada, do labirinto da existência.
“Decifra-me ou te devoro!”
Assim é a nossa vida, uma eterna luta contra a morte e o fracasso tentando nos devorar a cada passo, porque, como dizia o pensador, para morrer, basta estar vivo…

E a Esfinge propõe o enigma ao buscador da Verdade:

“Qual o animal que, na infância, anda com quatro patas,
e na maturidade, anda com duas patas
e na velhice, anda com três patas”?

A solução clássica, por Édipo (simbolo do buscador) apresentada é
O HOMEM, que engatinha na infância (quatro patas),
anda sobre as pernas na maturidade,
e precisa se apoiar na bengala quando velho.

Mas a Esfinge não foi resolvida.
Porque o passado do homem presente é anterior ao estado de bebê engatinhando no chão
e o futuro do homem presente é posterior ao ancião cansado se apoiando numa bengala.

O Ontem mais antigo fala da alma humana no tempo em que foi mineral, vegetal e animal, na evolução do tempo, lado direito da roda, e como animal, como fera, e besta, marchou sobre quatro patas pelos campos.
E o amanhã do homem como Anjo, será aquele em que ele irá assumir o status de Iniciado sobre a Terra, ascensão por sobre a roda do tempo vencida,
e ele será uma representação do próprio Deus, criado à sua imagem e semelhança, Filho de Deus restituído à sua forma original.
E sua terceira pata é o seu cajado de poder, sua vara, seu bastão, todos esses objetos que significam uma mesma coisa,
a sua coluna vertebral, aquela que sustenta o eixo nervoso do seu corpo físico, vestimenta da alma,
e quando a ciência de Hermes se fizer luz em sua vida,
e quando a serpente de bronze de Moisés ascender na vara,
sua mente será transfigurada e conhecerá os mistérios dos deuses,
porque se tornará como um deles.

A terceira perna que nos falta não é a bengala dos idosos,
é o cajado de poder, é o potencial divino que descansa no fundo da coluna vertebral, esperando solução e desenvolvimento, antes de morrer junto com o corpo em mais uma existência perdida.
Escolher entre a bengala do cansaço e do desapontamento de uma vida espiritualmente fracassada
e o cajado de poder do Iniciado da Luz, Filho de Deus que se levanta sobre a Terra,
é algo que cabe somente ao homem realizar.

Agora, olhe novamente para a Esfinge:
Ela tem corpo de leão (quatro patas), ela tem cabeça humana a falar com Édipo,
e ela tem asas, e as asas significam a mesma coisa que o cajado de poder,
isso porque, no topo do bastão de Hermes, chamado Caduceu,
existem duas asas, as asas que nos faltam construir para que possamos subir aos reinos do espírito,
os olhos que nos faltam abrir para ver as realidades invisíveis e tangentes à matéria,
os ouvidos que nos faltam desentupir para ouvir a Música das Esferas,
e as verdades que nos faltam possuir para que possamos dizer:
EU SOU!

Ou seja, a resposta da pergunta da Esfinge para Édipo
estava diante dos seus olhos o tempo todo.
A resposta para a pergunta da Esfinge… era a própria Esfinge!

AUR

JP em 12.02.2020

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